A tese de Doutoramento de António Tavares Flor "Negociação e Contratualização para Obras Geotécnicas: Modelação, Previsão e Decisão", a partir de um estudo de empreitadas auditadas pelo Tribunal de Contas chegou à conclusão que os desvios nas facturas pagas nos projectos adjudicados como obras públicas é de 102% (de forma prática, em cada obra aqui analisada 1 € em projecto custou aos contribuintes 2,02 €). Expo 98, Metro de Lisboa e Euro 2004 foram alguns dos festivais de derrapagens de custos. Como exemplo em Braga apenas a parte referente ao Estádio passou de um projecto de 30 milhões de euros para 90 milhões de Euros. Mas, de todas as obras analisadas há um campeão nacional. Ferreira do Amaral (administrador da Lusoponte, aquela que é concessionária da Ponte Vasco da Gama e que tanta polémica deu na altura em que Ferreira era Ministro), ex-ministro das Obras Públicas, consegue proezas de aumentos de 14 milhões de Euros em projecto para 115 milhões de factura final (Parque de Material e Oficinas III do Metro) ou de 52 milhões de euros para 356 milhões de euros (Linhas da Baixa/Chiado e Cais do Sodré).
Luis Valadares Tavares, acerca destes desvios referia que este tipo de estudos é bastante difícil pois caso não houvesse dados do Tribunal de Contas, o Estado não divulga qualquer tipo de informação acerca de custos no projecto e a factura final das empreitadas em clara violação de uma directiva comunitária (incapacidade ou falta de interesse em prestar esses dados?). Valadares Tavares falava em "omissão da administração pública na prestação dessa informação".
Quem quiser perder algum tempo a analisar relatórios do Tribunal de Contas, pode por exemplo entender de que forma o Estado na toma acção quando assiste a derrapagens e as empresas que saem a ganhar (a frase saem a ganhar é minha, não do TC) com estas derrapagens. São atrasos por omissões no contrato, são atrasos que obrigam a contratar quantidades enormes de horas extraordinárias e muitas outras...
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