O Bulionismo foi uma doutrina mercantilista do final do século XV, criada em Espanha e que se tentou copiar em Portugal. Os reis católicos Fernando e Isabel, proibiram a saída de metais preciosos (ouro e prata) quer na sua forma bruta (lingotes), quer em forma de moeda, quer em forma de joias. Basicamente o processo foi a criação em Espanha de uma Balança de Contratos que visava impedir a saida dos metais preciosos de Espanha. Os navios espanhóis que visitavam outros portos, deveriam regressar com ouro e prata em troca de bens produzidos em Espanha. De maneira similar, os navios estrangeiros que trouxessem produtos para os portos espanhóis deveriam regressar com produtos espanhóis em troca da sua carga e nunca com pagamentos em moeda. Mais tarde esta Balança de Contratos passou a Balança de Comércio onde era permitida a saída de moeda mas o controlo desta balança obrigava a que o seu saldo fosse sempre positivo. Hoje em dia acontece exactamente a mesma coisa. Apesar da liberdade de circulação de capitais, mercadorias e pessoas, os espanhóis parecem ter acordos tácitos de favorecimento das empresas espanholas smepre que possível em detrimento dos estrangeiros. Os episódios destas histórias são inúmeros, desde a criação de regras especiais para os garfos, para proteger a industria local, ao encerramento de organismos públicos durante dias seguidos afim de prejudicar os potenciais concorrentes estrangeiros a empreitadas em Espanha. Nos tempos mais recentes houve um apoio ao crescimento externo de todos os sectores económicos o que levou à criação de monstros como os seus grupos de construção ou banca. Também houve a criação de barreiras sem ambiguidades a OPA realizadas sobre empresas espanholas.
Em Portugal estamos sempre abertos a vender seja o que for, vendemos bancos, vendemos empresas do sector da energia, vendemos Portugal aos bocados.
Os espanhós recebem estas iniciativas de braços abertos, os ministros chamam-lhe investimento estrangeiro (Foreign Direct Investment). Exemplos deste investimento directo estrangeiro: A empresa A, espanhola, compra uma parecela de terreno pelo preço X, contrata uma empresa espanhola de contrução para visitar o nosso país com a finalidade de realizar a obra (todos os bens e serviços com valor acrescentado na obra vêm de Espanha, por cá compram areia, cimento e coisas do género), por fim, a empresa A, chama como parceiro do negócio um Banco B, também espanhol, com a finalidade de financiar toda a obra e financiar todos os compradores de apartamentos que não possuam capital para comprar habitação. No final da história, todo o valor acrescentado sai de Portugal, ficando por cá praticamente nada, porque o mais provável é que nem foi pago o terreno, foi trocado por apartamentos.
Há também os centros comerciais mas este post já vai longo. Hoje em dia aparecem aí uns investimentos estrangeiros sem Valor Acrescentado nenhum, mas é o que vai havendo. Afinal de contas é a nova forma de Bulionismo. É necessário é que a balança continue positiva, infelizmente é a deles, não a nossa.
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