quarta-feira, 14 de março de 2007

Um bocadinho de história

Se esteve distraído, aqui está um pouco da história económica recente.
As décadas recentes mostraram uma mudança no panorama económico mundial memorável. Países que eram tradicionalmente fechados política e económicamente entraram na economia mundial. A novidade desta vez? Apenas a duplicação da força de trabalho disponível no mundo e em todos os casos a preços mais baixos do que o que se podia encontrar até então. O fim do comunismo no bloco soviético trouxe 260 milhões de novos empregados para o panorama mundial, a China ofereceu 760 milhões de trabalhadores e a liberalização da Índia cerca de 440 milhões. Juntamente com este fenómeno as mudanças tecnológicas têm vindo a diminuir progressivamente os custos de interacção entre países. As principais mudanças são a redução dos custos de comunicações, durante um certo periodo de tempo a tecnologia naval cresceu mais rápidamente que os produtos que transportava o que permitiu também uma redução das tarifas, embora ultimamente as questões de segurança e o preço do petróleo tenham mudado o cenário um pouco. As multinacionais foram rápidamente colher os frutos destes desenvolvimentos mundiais e o investimento estrangeiro no mundo começou a crescer a um ritmo duas vezes superiores ao do comércio mundial. Uma lição a retirar daqui é que o capital irá para onde o trabalho for mais barato e assim o trabalho e tecnologia serão transferidas.
Que sectores se movem da sua localização actual para regiões onde a mão de obra é mais barata? Um factor determinante é a intensidade, trabalho intensivo sem qualificações tem tendência a mudar-se para países com salários mais baixos. Outro factor importante é: a facilidade com que se pode separar essa actividade do local onde está actualmente e qual é o custo de a separar de actividades económicas relacionadas? Se as firmas em determinado sector são altamente dependentes da rede de fornecedores locais ou da especialização dos trabalhadores locais, então é pouco provável que as empresas se mudem.
A U. E. está a perder rápidamente a sua fatia que detinha do Produto mundial em termos de percentagem, um país como Portugal que se encontra entre os que mais beneficiava dos seus baixos custos quando se juntou à então C.E.E. enfrenta hoje a concorrência feroz de países dentro da União, mas acima de tudo a maior ameaça para as nossas fábricas intensivas em trabalho vem da Ásia. Na minha perspectiva Estarreja esta numa posição em que não existirão grandes ameaças a curto prazo sobre as empresas de maior dimensão cá instaladas.
P. J. Mazzoni

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