sábado, 10 de março de 2007

A rede ferroviária de alta velocidade

A rede ferroviária portuguesa deveria ter como objectivo a ligação aos três aeroportos internacionais do continente e aos principais portos de forma a permitir uma melhor ligação com o resto da Europa. Nos países onde se efectuam planeamentos cuidados, foi implementada primeiro a rede ferroviária e só depois se decide a melhor localização para os novos aeroportos para que este último coexista com a rede. Em Portugal, como seria de esperar o projecto foi exactamente o contrário, após uma duvidosa escolha para um aeroporto, tentou-se encaixar da melhor forma a rede ferroviária de alta velocidade condicionada pela localização do aeroporto.
A compatibilidade entre a rede portuguesa e a europeia é essencial porque a nossa bitola é diferente das demais sendo necessário com a máxima brevidade que a bitola utilizada seja standard, facto que permitiria aos comboios circular livremente entre Portugal e a Europa.
Em 2010 Espanha possuirá uma rede com 7200 km de rede de velocidade elevada (máx 250 km/h) e alta velocidade (máx 350 km/h) em perfil misto, para passageiros e mercadorias com cargas que podem facilmente ultrapassar as 15 toneladas por eixo nas linhas de alta velocidade.
Para a nossa região a grande prioridade deveria ser o transporte de mercadorias para a Europa, em bitola standard e certamente o ponto de passagem estratégico para nós seria Medina del Campo perto de Valladolid, a partir deste ponto a nossa região fica com porta aberta para a Europa, Madrid bem como toda a Espanha.
Caso se concretize a ligação Aveiro Salamanca o potencial de Aveiro para servir como plataforma de produtos vindos do Porto e da Galiza é excelente pois ficariamos priveligiados com a menor distância a percorrer até Madrid e outros pontos da rede espanhola. Comparado com a passagem pelo entroncamento Aveiro Salamanca poupava 200 km a uma carga destinada a madrid quando comparado com o Entroncamento. As empresas da região Norte e Centro poderiam deslocar os seus contentores até um porto seco em Aveiro (Albergaria??) e utilizar a ferrovia para chegar mais rápidamente, com menos poluição e de forma mais segura à Europa basta olhar para o número de camiões TIR a circular no IP5.
Os custos de uma linha de alta velocidade pode variar entre os três milhões de Euros por km em zonas planas e baixa densidade populacional até aos sessenta milhões de Euros por quilómetro quando se acrescentam nas zonas mais acidentadas o custo de túneis, pontes e viadutos. O custo médio de contrução em regiões montanhosas é de cerca de trinta milhões de Euros na rede de alta velocidade o que torna ainda mais uma solução de mercadorias para Aveiro Salamanca viável pois o custo da rede de Velocidade elevada comparada com a Alta velocidada é de cerca de metade, quinze milhões de Euros. Na Galiza a opção foi a de contruir uma rede de velocidade elevada que caso tivesse sido de alta velocidade o custo teria sido de mais quatro mil milhões de Euros para os mesmos km. Nem sequer vou bater mais na mesma tecla ao falar dos custos de aquisição do material circulante que custa pouco acima de metade e que os custos de manutenção são igualmente um pouco acima de metade.


P. J. Mazzoni



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