domingo, 25 de março de 2007

Défice, dívida pública e outras coisas sem sentido

Com tanto que se ouve falar no défice dos 3,9%, o aumento da dívida pública e em folgas e meias folgas era bom que alguns políticos soubessem exactamente o que é a dívida pública e o que é o défice público, em vez disso, não passam de papagaios cheios de retórica que falam num há vida para além do défice e outras tretas parecidas sem fazerem a mínima ideia do que estão a falar a maior parte das vezes.
Primeiro ponto: a dívida pública está agora a subir, segundo o I.N.E. tendo pela primeira vez ultrapassado os 100 500 milhões de Euros. Isto significou, segundo os dados ainda não definitivos que Portugal terá pago no ano de 2006, 4 365 milhões de Euros de juros, mais 340 milhões do que no ano anterior e com mais 300 milhões de Euros a acrescentar a esse valor para 2007 para atingir-se um valor de 4 770 milhões de Euros.
Talvez os senhores do "há vida para além do défice" achem que se pode aumentar o IVA em mais 2%, ou talvez o ISP, ou mais escalões no IRS, ou mais taxas, talvez o aumento da carga fiscal que temos assistido ainda não tenha sido a suficiente.
O governo aproveitou o ano de 2005 para atirar tudo aquilo que podia para empolar o défice de 2005, apresentando-se este ano com uma grande vitória. A verdade é que esta redução do défice se deve mais uma vez: 1) ao congelamento das carreiras na função pública e não a mudanças estruturais; 2) À diminuição do investimento em cerca de 630 milhões de Euros para os 3 560 milhões de Euros; 3) À quantidade de receitas extraordinárias das privatizações efectuadas pela administração central e pelas vendas efectuadas; 4) À melhor cobrança de impostos feita pela DGCI.
Apesar de a maior parte dos políticos dizer uma coisa quando estão na oposição e outra quando estão no governo, (sim estou a referir-me aos senhores Sócrates e Mendes) devo saudar a coerência apresentada por uma pessoa na política, a Manuela Ferreira Leite, que não muda de opinião quando está no governo e quando sai dele, sendo correcta nos factos quando fala publicamente e sabendo melhor do que a cambada de papagaios que normalmente ouvimos a falar sobre estes assuntos, o que são contas públicas e o défice público.
Se por acaso existissem mais políticos como ela que em vez de preocuparem-se com a imagem, entendessem realmente daquilo que fazem, Portugal poderia estar bem melhor.
Na verdade, o défice, embora a maior parte não o entenda, tem um grande peso na economia nacional, a dívida pública tem um impacto directo no aumento do défice. Quando os políticos recebem ordens da U.E. para controlar o défice, essa cambada do "há vida para além do défice" descobrem que só há um sítio onde ir buscar o dinheiro para pagaram a dívida que construiram com 10 anos de incompetência. O bolso dos Portugueses, ou caso não tenha reparado, paga muito mais impostos. Impostos é o único método que os teóricos da retórica e das mentiras têm para cobrir os erros deles. Não faz mal, pagam sempre os mesmos.
Espero ter contribuido para demonstrar a importância de controlar a dívida pública e o défice, certamente não espero que nesta política karaoke, alguém o faça sem mentir de acordo com a sua posição actual, governo ou oposição. Mais uma vez a minha saudação à senhora Ferreira Leite pela sua coerência e por não precisar de alguém a escrever aquilo que diz.

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