Se eu fosse Ministro da Saúde, certamente estaria atento a um problema que parece que se vai tornar grave nos próximos anos. O ano passado estima-se que cerca de 650 médicos tenham passado dos quadros do sector público para um regime de exclusividade com hospitais do sector privado. E aparentemente os melhores são os primeiros a sair (Esta é para o senhor Marques Mendes que pensa que as rescisões amigáveis eram a solução para o sector público. Os únicos verdadeiramente dispostos a aceitar este mecanismo eram os competentes, aqueles que não teriam problema em encontrar emprego fora do sector público, o que certamente deixaria o sector público ainda pior do que possivelmente está, porque os que lá ficariam eram os piores). Qual é o problema? Os médicos tal como qualquer outro trabalhador podem escolher onde querem trabalhar certo? Certo.
Quanto a mim a solução passa por deixar de lado os interesses do lobby que mantém religiosamente as vagas nas universidades limitadas. E se fosse duplicado o número de vagas disponiveis? Os futuros médicos seriam piores do que os actuais? É possível que alguns fossem, mas não é de forma nenhuma aceitável que esta medida não seja tomada. Os exames e as cadeiras seriam as mesmas, o nível de exigência também. Então do que têm medo? A única coisa de que têm medo é que a classe deixasse de ter a importância que tem e que os salários no futuro descessem.
A realidade é que se este governo tivesse realmente coragem, talvez daqui a dez/quinze anos, houvesse mais médicos do que lugares disponíveis para trabalharem, o que levaria a que os seus salários baixassem, a que os custos do Serviço Nacional de Saúde baixasse, libertando meios para investir noutros campos da medicina que não nos recursos humanos. A triste realidade é que o governo nem sequer entende que o aumento do número de vagas lhe era benéfico, afinal os médicos são em média a classe que mais impostos paga, o que garantia maior receita futura do IRS.
Mas a minha aposta é na continuidade, afinal na é possível aumentar o número de vagas nestes cursos (por quê?). Mantenha-se o estado das coisas. Quando o problema for demasiado grande e degradante para quem recorre ao SNS que deixe envergonhados até Ministros sem vergonha, poderá ser feito um Prós-e-Contras para debater a questão. Mas só quando for tarde demais.
Afinal de contas, eu não sou Ministro da Saúde e a minha proposta não tem nem pés nem cabeça.
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