quarta-feira, 23 de maio de 2007

Oportunidades perdidas

O Abel Cunha, no seu Notícias da Aldeia por várias vezes já demonstrou o seu descontentamento com o funcionamento da sua Junta de Freguesia. Desta vez num texto intitulado "O papel das Juntas de Freguesia" crítica mais uma vez a pouca acção da sua junta. Eu concordo plenamente. É o meu entendimento que o futuro deveria passar por cooperativas de exploração florestal. Propriedade dos actuais donos dos terrenos, atingir uma exploração articulada e com alguma escala. O segundo tipo de cooperativas seriam para exploração de agricultura biológica. Para que é que querem construir armazéns de empresas medíocres em Salreu, quando os terrenos são ideais para explorações do tipo que mencionei. Caso fosse criado com sucesso uma cooperativa agrícola, com ganhos de escala e diminuição de todo o tipo de custos, fixos, médios, marginais rapidamente a região poderia entrar no mapa num país com uma das mais baixas explorações agrícolas biológicas por 1000 habitantes da União Europeia. Uma segunda fase que certamente criaria mais alguns postos de trabalho localmente, após uma correcta implementação da primeira fase seria a tentativa de entrada na distribuição dos produtos.
Se eu tivesse concorrido à Câmara Municipal o meu programa teria consistido exactamente na exploração destas potencialidades para as juntas de freguesia do concelho. Teria feito de tudo para que as minhas freguesias estivessem presentes como uma das áreas LAG (local action groups) no programa Leader+ da União Europeia e recebessem fundos estruturais para desenvolver o potencial agrícola das minhas freguesias. Afinal de contas este programa destina-se a apoiar o desenvolvimento sustentável na área da agricultura. Realmente as juntas de freguesia não podem gerir negócios, mas podem potenciar e dinamizar para que eles aconteçam.
O eco-parque pode ser o principal dinamizador do concelho no futuro mas há tanto que se poderia fazer com um bocadinho de trabalho. Esta é a minha proposta concreta para as freguesias e já a defendo há alguns anos. O Leader+ era uma oportunidade enorme. Perguntem aos polacos qual vai ser a fatia deles até 2013...
Termino dizendo que não sou candidato a nenhum lugar. Apenas gostaria de partilhar a minha visão do que poderia ser uma industria importante no concelho, que com alguma escala atrairia os jovens a estudar e a continuar este tipo de actividades ainda com mais eficiência. De outra forma ninguém vai achar a agricultura apelativa, cada vez as parcelas de terreno são menores e a sua utilização menos eficiente.

2 comentários:

AC disse...

Caro Pedro,
Estamos a constatar o óbvio. Não sei como passar à prática mas, sem qualquer dúvida, os solos desta região são ouro para a agricultura biológica.

Sabendo-se que a curto prazo a UE deixará de subsidiar a agricultura na forma actual e quando a generalidade dos parceiros europeus desenvolve projectos biológicos, neste país é o que se sabe. Na região, quando falei do assunto vieram perguntar-me o que é.

Cpts

Pedro Javier Mazzoni disse...

Meu caro Abel Cunha, muito obrigado pelo seu comentário. Eu penso que a maneira de passar à prática é pela sensibilização dos interessados. Esta acção deveria ser feita pela autarquia local (é o elemento mais credível para todos). Tal como na formação da União Europeia deveria haver regulamentos claros e rigorosos para que ao primeiro problema não começassem a abandonar o projecto. Deveria também ser mais vantajosa para os pioneiros do que para quem se quisesse juntar à cooperativa mais tarde. Afinal de contas deve ser compensado quem arrisca e não dar as mesmas condições de acesso a quem ficou a ver o que dava e depois se correr bem também entra. Deste modo poderia haver uma adesão maior.