Dois autores (Ray Fisman e Edward Miguel) num trabalho publicado em 2006, com o título "Cultures of corruption: Evidence from diplomatic parking tickets" tentam demonstrar através do estudo de multas de estacionamento aplicado a diplomatas em Nova Iorque, que países altamente corruptos, são em média países com alta tolerância a corrupção na sociedade em geral e que há uma prática geralmente aceite de corrupção.
O estudo é interessante porque demonstra que apesar de os diplomatas reunidos em Nova Iorque serem portadores de imunidade diplomática (milhares de diplomatas na ONU), permitindo desta forma detectar culturas que têm a corrupção disseminada tornando os seus diplomatas desrespeitadores das normas vigentes em Nova Iorque e os diplomatas que apesar da sua quase total imunidade apresentam-se na cidade como respeitadores das regras de trânsito. O Kuweit veio em primeiro lugar, com 246 violações por diplomata, seguido do Egipto 139, Chade 124, Sudão 119, Bulgária 117, Moçambique 110, Albânia 85, Angola 81, Senegal 79. Portugal está em 68.º lugar com 9 infracções por diplomata. A lista tem 146 países, por isso estamos bem colocados em termos relativos, comparando o nosso número com o dos primeiros classificados mas mal classificados em termos absolutos porque ficamos na metade inferior da classificação. Grande parte da União europeia não cometeu nenhuma infracção (Suécia, Letónia, Irlanda, Grécia, Dinamarca, Holanda, Reino Unido e Finlândia). A Alemanha tinha uma infracção. Logo não ficamos nada bem na fotografia da União Europeia.
Na edição do Semanário Expresso de 21 de Abril de 2007, como pretexto das eleições no CDS/PP, ambos os candidatos às ditas eleições (Paulo Portas e Ribeiro e Castro) foram acompanhados durante um dia por um repórter do semanário. Durante uma viagem de automóvel era narrado incentivo de Portas a andar mais depressa, ordenou ao seu motorista para passar numa faixa reservada (BUS) e o motorista acabou por confessar que no dia a dia tal como naquele dia as infracções cometidas não são poucas e são sempre da autoria moral do passageiro.
Não estou de forma alguma a chamar corrupto ao Sr. Paulo Portas, afinal de contas o estudo dizia respeito a multas de estacionamento mas não deixa de ser uma coincidência engraçada.
Estudo: Fisman, R. and E. Miguel (2006). Cultures of corruption: Evidence from diplomatic parking tickets.
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