segunda-feira, 30 de abril de 2007

É nos custos que tens de poupar idiota! O hospital deve ficar aberto.


Aproveito esta véspera de feriado para refrescar alguns dados que poderão ser úteis ao Manifesto das Urgências do Hospital de Salreu. Apesar de a maior parte dos dados publicados no Manifesto serem ainda actuais, a parte referente aos dados económicos, merece uma actualização. Na contabilidade analítica do SNS de 2005 (os dados do manifesto são relativos a 2004) o Hospital Visconde de Salreu (HVS daqui em diante) está inserido no Grupo 3 do referido relatório. O que se pode perceber pelos dados da contabilidade, é que no grupo em que está inserido, o HVS é um dos mais eficientes no que diz respeito aos custos totais unitários por urgência (€ 41,83). Neste ponto em concreto, o nosso hospital apenas é batido por Alcobaça, Valongo e Ovar (o total são 18 hospitais). Neste ponto o HVS resiste a qualquer teste estatístico que lhe queiram fazer. É de notar que o custo total unitário por urgência em Aveiro é de € 107,36 o que dará um acréscimo caso o número de urgências do HVS se mantenha e estas sejam transferidas para Aveiro de € 2 658 945,28! Ou eu não sei fazer contas ou o diferencial dá para cobrir o custo total geral das urgências do HVS! O senhor ministro não sabe fazer contas pois não?

Isto utilizam alguns mas pagam todos. Coincidências...

José Sócrates inaugura hoje o metro do Sul do Tejo, a obra vai custar um pouco mais de quatrocentos milhões de Euros e não é preciso ser um mago das finanças para saber que vai operar com défice nos anos que aí vêm, logo eu gostaria de tal como a A25 que vamos pagar como utilizadores pagadores , também lá os custos caíssem sobre os seus utilizadores, não estou a ver as pessoas de Estarreja a usarem aquele meio de transporte muito frequentemente. Afinal de contas, os senhores pagam mais IRS do que nós e não é justo tal como não é justo nas estradas que todos paguem o que só alguns usam...

O prazer da farsa

São bastante interessantes as declarações do primeiro ministro sobre o Tribunal de Contas. Aparentemente o Tribunal de Contas, segundo o nosso Primeiro Ministro, reconheceu que o gabinete de Sócrates é o mais pequeno dos últimos governos. O Primeiro Ministro disse outros disparates, mas se quiser consultar o documento e saber a verdade sobre o que o Tribunal de Contas disse de verdade pode consultar o documento (aqui). Não me parece que o que o Tribunal de Contas disse e o que o Primeiro Ministro disse que o T.C. disse sejam a mesma coisa.
Veja com os seus próprios olhos. A parte que eu mais gostei nas declarações do Primeiro Ministro foi: "seja quem for que tenha cometido o erro, o relatório tinha um erro relativamente às pessoas".
Veja-se a maneira inteligente como o Primeiro Ministro diz que a responsabilidade foi de alguém, sem nunca referir que foi do seu governo, do Conselho de Ministros do seu governo...
Só para terminar, o governo que acusou o Tribunal de Contas de ter feito passar a imagem de um governo despesista, não enviou para o tribunal qualquer documento para alterar os dados das despesas. Porque será?

sábado, 28 de abril de 2007

Leituras de fim de semana


Deixo aqui a capa de um dos jornais de fim de semana, o Semanário Económico. Com duas notícias interessantes, uma verdade a outra provavelmente nada mais do que notícia encomendada (eu aposto que não sobe)...

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Sobre o novo Imposto de Circulação


O ministro Teixeira dos santos está cada vez a ficar mais mentiroso, para provar o meu ponto de vista, vou proceder a um pequeno exercício sobre o novo Imposto Único de Circulação (IUC). Como o ministro criou uma equipa de trabalho para estudar o assunto, resolvi fazer o mesmo. O co-autor deste estudo tem dez anos e é um perito em matemática, além disso decidimos recorrer às novas tecnologias e usar uma máquina de calcular.
Basicamente a grande mentira que tentam passar sobre este imposto é que tem uma componente ambiental, o que este imposto tem é uma componente de maior receita anual, de ambiental não tem nada.
Ponto número 1: Para efeitos de comparação utilizarei os dados referentes a um Toyota Yaris 1.0 com os dados oficiais a apontarem para as emissões de CO2 de 127 (g/km), o segundo veículo será um Audi A4 1.9 TDI com emissões de 151 (g/km). As taxas de imposto (o IUC) são respectivamente €100 e € 175.

Se o condutor do Yaris fizer 50000 kms por ano e o A4 fizer apenas 10000 kms, os resultados por km, para o Yaris são de € 0,002 por km e de € 0,000016 por cada grama de CO2. Por sua vez o do A4 paga € 0,0175 por km e € 0.00012 por grama de CO2.
Os cálculos poderiam ser feitos ao contrário e os resultados seriam opostos.

O que eu queria mostrar é apenas que o imposto é um custo afundado, ou seja não tem qualquer impacto no número de quilómetros que serão feitos com o veículo, o que resulta é apenas um imposto que se arrecada quer o carro faça 100000 kms ou nenhum. Se queriam fazer algum imposto verdadeiramente com uma componente ambiental para compensar a externalidade causada pela poluição era sobre os combustíveis, o princípio do utilizador pagador. Mas esse já não pode ser mais sobrecarregado, afinal de contas já é tão grande que já inclui uma grande componente ambiental.

O ministro Teixeira dos Santos é Economista, tanto quanto sei também era professor,não imagino o que ensine, o que ele é neste momento é um grande mentiroso, a tentar mentir sobre custos afundados e a relacionar os mesmos com externalidades que não podem ser compensadas desta forma. O que o senhor faz é aumentar o custo fixo do proprietário do veículo e quanto mais ele andar de automóvel menor será o custo total médio.


Xenofobia disfarçada

À sexta-feira o jornal Público contém alguns suplementos, entre eles o Inimigo Público, apesar do humor com que aborda os assuntos e de se afirmar como "Um jornal satírico, sendo todo o seu conteúdo ficcional" o que não pode deixar de passar é que hoje existem duas passagens claramente intencionais:

"Portugal prepara Euro 2012 na Ucrânia com estágios com ucranianas (...) Madail declarou-se satisfeito (...) já há muitos anos que a selecção portuguesa realiza estágios com ucranianas."

"Amadora quer ser a Bollywood portuguesa; Se o Alentejo quer ser a Holywood portuguesa, a Câmara Municipal da Amadora já manifestou o desejo de se tornar na Bolywood nacional. "Com tantos emigrantes que residem no nosso concelho, podemos oferecer aos produtores indianos todas as codições que encontram no país natal, a baixo custo, como manda o Manuel Pinho" (...)"

A mim não me parece muito prestigiante para um país de emigrantes, que nós ridicularizássemos assim os que para cá vêm na procura de melhores oprtunidades.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Obras em Salreu

Uma autêntica vergonha, a obra que decorre em Salreu, imagino que sejam um conjunto de amadores que a estão a realizar. A partir da farmácia de Salreu continuando a pé por esse caminho existem buracos (e não são poucos) com mais de um metro de profundidade sem qualquer sinalização (existe uma escola lá!), é um autêntico festival de pó durante os dias que não chove, então nos dias que existe algum vento a coisa é insuportável, os trabalhadores não usam protecção adequada, etc.. A junta de freguesia local não tem conhecimento da existência desta obra?

No segundo semestre acaba a discriminação



E finalmente está pronto o "Modelo de Gestão e Financiamento das Estradas". O modelo vai contribuir para as contas públicas serem mais equilibradas, não há volta a dar, vamos ser utilizadores pagadores no segundo semestre deste ano. Não há atrasos. Deve seguir-se o hospital.
A semana passada havia quem quisesse fazer passar a ideia que os lisboetas pagam mais IRS que os outros. Na verdade pagam, mas a história é um bocadinho mais complexa, bastava fazer uma análise do investimento estrangeiro em Portugal e ver onde ele se instala. A repartição de investimento é bastante equitativa. Sempre que se trata de IDE em serviços lá vão eles parar a Lisboa ou arredores, com os quadros qualificados do resto do país a serem atraídos para lá. Claro que não colocam parques eólicos ou fotovoltáicos em Lisboa porque não têm espaço nem sequer criam muitos empregos, esses vão para outros locais.
Quando quiserem contar a história da equidade contem-na em Lisboa, no Oceanário, um pavilhão Atlântico, no Centro Cultural de Belém, nos museus, nos teatros, na FIL, Na Gare do Oriente, No Euro 2004, na Expo 98, nas empresas municipais de transportes, Metro de Lisboa, Transtejo, depois façam uma A5, uma CRIL, uma CREL, uma A8 e uma A12, as travessias do Tejo...
E para terminar. Porque é que os ministérios são em Lisboa? Porque é que o Primeiro Ministro lá mora, o Presidente da República também e existe um número enorme de organismos públicos lá? Só a quantidade de empregos e empresas de serviços que seriam criadas noutros locais para servir a máquina do Estado daria para dinamizar concelhos inteiros.
Mas nós pagaremos a nossa estrada. Afinal não queremos que nenhuma empresa confunda as vantagens de se instalar em Lisboa com os concelhos onde nada existe.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

terça-feira, 24 de abril de 2007

O Golias que não consegue ganhar a guerra

O Paul Krugman tem uma frase verdadeiramente ao seu melhor estilo: "Há duas maneiras de descrever o confronto entre o congresso e a administração Bush sobre o financiamento do conflito no Iraque. Pode fazer de conta que é uma disputa política normal. Ou pode ver-se pelo que ela realmente é: Uma situação com reféns, onde um presidente Bush beligerante, barricado na Casa Branca, ameaça consequências severas para espectadores inocentes - as tropas no Iraque - se as suas reivindicações não forem atendidas."

O exército mais caro do mundo está a perder outra guerra, não no Iraque onde hoje morreram mais nove militares americanos e vinte ficaram feridos, mas no Afeganistão, o país do qual se diz "onde os invasores vêm morrer", os ingleses perderam lá, mas na altura não havia grande tecnologia na guerra e as montanhas eram um bom esconderijo. Os russos seguiram-se e com o apoio dos americanos também foram humilhados. Agora os Estados Unidos perdem uma guerra com um exército sem qualquer tipo de sofisticação, refugiando-se na desculpa que são apoiados por gente no Paquistão e por alguns sauditas mais abastados...
Como dizia o poeta:

Co'o mundo pouco te importas
porque julgas ver direito.
Como há-de ver coisas tortas
quem só vê o seu proveito?


À guerra não ligues meia,
porque alguns grandes da terra,
vendo a guerra em terra alheia,
não querem que acabe a guerra.


Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
q'rer um mundo novo a sério.


A política local

O Partido Socialista local e a coligação PSD/CDS-PP raramente se entendem nos dias que correm. A questão do Parque industrial levou a extremos de posições de que não se pode voltar atrás, a situação ficou no ponto em que uma das partes está claramente a faltar à verdade. O BCN que deveria ter sido resolvido com serenidade levou mais uma vez a posições radicais. O caso das urgências do hospital foi diferente pois se alguma das partes se mostrasse favorável ao encerramento das urgências teria de pagar por isso mais tarde, neste caso a situação parece ter sido deixado para o executivo camarário, com o PS a parecer esperar que a coisa corra mal ao José Eduardo Matos para lhe cair em cima.
O último episódio que conheço deste claro desentendimento é caso da prestação de contas relativo ao exercício de 2006, O PS local apresenta uma série de argumentos em que tenta mostrar estagnação do município, a administração local rebate as acusações. Neste caso parece-me que algumas das questões levantadas pelo PS são aproveitamento, falando de assuntos como factos isolados e que tirados do plano geral parecem fazer sentido.
O PS devia apresentar as suas próprias soluções, certamente quando concorreu às últimas eleições tinha uma estratégia de médio prazo (a não ser que esperasse perder as eleições como veio a acontecer) e tentar implementar algumas das suas soluções caso fossem favoráveis ao município. Certamente receberiam o crédito por isso no futuro.


segunda-feira, 23 de abril de 2007

Um aviso para os portugueses

Os espectadores do programa mais popular da manhã na televisão inglesa (GMTV), do género Fátima Lopes e companhia, que tem uma audiência de cinco milhões por dia, foram enganados durante quatro anos pela estação. Os espectadores ligam para o programa para tentarem ganhar entre 10 000 Libras e 20 000 Libras respondendo a perguntas estúpidamente fáceis. É estimado que cada chamada custe 1,80 Libras e que as receitas anuais do programa, através deste passatempo seja de 10 000 000 de Libras. A fraude está no horário da votação, o programa dura cerca de duas horas e vinte minutos, as pessoas votam durante esse periodo mas, os selecionados para participar são escolhidos 45 minutos do fim do programa, deixando milhares de pessoas a ligarem durante 45 minutos sem qualquer hipótese de ganharem.
Será que como copiam tudo, os programas portugueses também enganam os seus espectadores?

domingo, 22 de abril de 2007

Manifesto das urgências


Aproveito este episódio das urgências do Hospital Visconde de Salreu para deixar o link para o Manifesto das Urgências.
O documento pode ser consultado aqui.

Resposta do C.A. do hospital

O conselho de administração já respondeu aos acontecimentos de ontem. Segundo a SIC Online o Conselho de Administração do Hospital Visconde de Salreu lamentou profundamente não ter sido informado previamente da visita de Marques Mendes e que deste modo o normal funcionamento dos serviços seria afectado, sendo este o principal motivo do impedimento da visita.

Estarreja nas notícias

Não é que alguém se vá lembrar do sucedido daqui a dois meses mas, o episódio do Marques Mendes no hospital Visconde de Salreu já chegou às televisões.
Como não acredito que a visita do Marques Mendes tivesse um impacto negativo sobre a decisão de manter as urgências abertas penso que é lamentável o que aconteceu.

sábado, 21 de abril de 2007

Discriminação positiva ou negativa?

Marques Mendes foi impedido de visitar o Hospital Visconde de Salreu hoje em Salreu. A direcção do hospital não achou conveniente a visita, ou simplesmente não estava interessada por algum motivo. Para completar o episódio houve um diálogo com uma médica (não faço ideia se em representação do hospital ou em nome próprio) que deu algumas explicações.
Era bom que a direcção do hospital explicasse o acontecimento porque é um pouco estranho...

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Santa Casa da MIsericórdia

Em Portugal, foram gastos em 2006 € 1 650 000 000 em jogos sociais, segundo a Santa Casa da Misericórdia. Sinceramente já não tenho mais palavras para falar sobre jogos de azar...

Cá vai mais uma para o Torcionário

O Público continua a desenterrar os esqueletos do Torcionário. Desta vez é Armando Vara que faz das suas juntamente com o António José Morais.
Devem ter sido este tipo de movimentos que levaram Vara à administração da Caixa Geral de Depósitos. Episódio da cleptocracia aqui.

Dolce Vita à portuguesa... (ou espanhola hoje em dia)

O Centro Comercial Dolce Vita é apresentado em Ovar como um grande investimento, um membro da autarquia fala mesmo em "uma mais valia para o concelho", basicamente o que preocupa a administração do concelho é que alguns empregos sejam criados, na verdade não são poucos e o concelho necessitava deles. Quanto a mim, não me parece que seja o tipo de investimento que eu quero para o meu país, vêm uns com projectos turísticos, tornar Portugal na Florida da Europa, outros têm estas ideias que um conjunto de lojas é realmente o que importa.
Eu não penso assim, na verdade acho que a próxima geração não deve ser confinada a servir cafés a turistas e a paquetes de hotéis. Este projecto do Dolce Vita é ainda pior do que o turismo, quanto a mim a cadeia de valor não tem mais valia, é apenas uma maneira de secar o comércio que se encontra em determinado raio. Continuo a ter a ideia (posso ser um pouco idiota) que se deve produzir alguma coisa, que é preciso ter uma cadeia de valor que incorpore conhecimento, que possa produzir algo que também possa ser exportado. Se Portugal só vender Sol e o resto sejam centros comercias, daqui a uns anos quase não serão necessárias universidades, não é preciso andar numa universidade para servir a uma mesa, nem para estar atrás de um balcão de uma loja.
Prefiro uma fábrica da Ikea em Portugal com 400 empregos do que três lojas da Ikea com 1200 empregos, prefiro uma autoeuropa do que todos os centros comerciais Dolce Vita juntos.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Interessante...

Cada vez entendo melhor o que queria dizer o Mário Lino com "A OTA é um compromisso pessoal", entendo a partir desta notícia do Diário Económico que não terá problemas de emprego no futuro. Talvez tenha aprendido a lição do camarada Pina Moura...

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Polónia e Ucrânia vão organizar Euro 2012 em conjunto

A Polónia e a Ucrânia vão organizar o Euro 2012, mais uma vez os senhores da UEFA tentam meter-se em campos que não são os deles. A tentativa de estabilizar politicamente a Ucrânia não deve ser feita desta maneira. Talvez consigam uma paz podre para o país, se as coisas correrem mal safam-se com a polónia e a Ucrânia fica a ver os jogos na televisão...

O todo poderoso Euro

O Euro ultrapassou a barreira dos $ 1,36 hoje. Se vai passar férias por exemplo na Ásia, são boas notícias, os seus almoços vão ser bastante baratos, se trabalha numa empresa que exporta para países fora da zona Euro, a coisa está a ficar mais difícil. É que os simpáticos dos chineses andam com a moeda deles agarrada ao Dólar Americano como se fossem siameses.

Favores em cadeia (ou mais uma coincidência)

Para juntar ao conjunto já alargado de coincidências, esta desafia mesmo a estatística, cá vai mais uma.
O António Morais, professor do Sócrates (o tipo que queria meter a amiga brasileira na administração pública), que por sua vez foi nomeado pelo Armando Vara (Embora as histórias contadas por ambos dessa nomeação na batam certo uma com a outra) para a administração interna e que não tinha relação nenhuma com Sócrates, nomeou o arquitecto Fernando Pinto de Sousa (se o nome lhe é estranho, o senhor é pai de José Sócrates) para a fiscalização de uma grande empreitada. Que raio de coincidência esta! Também a empresa que foi responsável por dezenas de empreitadas por aquelas bandas era a mesma onde trabalhava o António Morais. O António Morais era ainda consultor desta empresa ao mesmo tempo que trabalhava no governo para projectos no estrangeiro...
Não sei, parece uma coisa daquelas do tu coças as minhas costas e eu coço as tuas...

Fonte: José António Cerejo. Jornal Público; GEPI contratou pai de Sócrates para fiscalizar obra da Conergil, página 6

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Quando não se é imparcial, pelo menos devia alegar-se desconhecimento

O Nicolau Santos do Expresso, num artigo intitulado "15 maiores erros de política económica" refere-se muito bem aos sucessivos erros dos governos, como não podia deixar de ser, os feitos do governo do senhor Guterres estão lá, mas a parte que me parece interessante é que o Nicolau Santos podia aprender com os políticos no poder, alegava que desconhecia os estudos. O que o senhor Nicolau Santos escreveu sobre as SCUTS é um bocadinho parcial, refere-se ao estudo do Professor Alfredo Marvão Pereira, também já mencionado neste site, e passa completamente por cima das suas conclusões, apenas referindo-se a que os benefícios são maiores no litoral do que no interior e deixando no ar a impressão que o estudo não demonstra uma análise benefício custo positiva...
E agora as coincidências, uma adivinha: O que tem em comum o Pina Moura/Iberdrola e o Ferreira do Amaral/Lusoponte?

Importações de baixa qualidade

Aparentemente foi importado à experiência um ex-ditador africano (por 90 dias), as dificuldades notórias no Congo onde possui um exército privado obrigam tal personagem a procurar nova morada. O Actual ditador gostaria imenso de deitar a mão a tal personagem mas este escapou como normalmente acontece.
Típico de ditador Africano possui um Boeing privado (talvez agora escolha a Airbus, vista a generosidade portuguesa) e uma casa na Quinta do Lago de dimensões razoáveis.
A parte mais engraçada é que aparentemente o senhor poderia pagar a sua própria segurança mas, ao que parece o Ministério dos Negócios Estrangeiros decidiu destacar efectivos do Grupo de Operações Especiais para fazer a segurança do senhor.
Se a moda pega, talvez possamos importar de outras paragens igualmente democráticas. Talvez aquele administrador do Delta da Nigéria que recebeu uns apoios para ajudar as pessoas e decidiu investir num iate particular (de dimensões razoáveis), logo seguido de incitamento contra as companhias estrangeiras que nada fazem pela região, apenas explorando o petróleo. O resultado são raptos de trabalhadores das ditas companhias.


Roubos, os malditos roubos

Não tendo sido eu afectado pessoalmente pelo furto de contadores de água, parece-me evidente que os autores deste tipo de crime, são o tipo de pessoas mais desprezíveis da sociedade. Não faço ideia qual é o valor comercial de um destes dispositivos no mercado negro, a verdade é que quem se arrisca a ser detido por este tipo de furtos em primeiro lugar não será muito inteligente, em segundo lugar é quase certo que estas pessoas não são guiados por imperativos morais.
São o mesmo tipo de pessoas que depois assaltam bombas de gasolina, para roubar € 50 e matam uma pessoa que fazia o seu trabalho, nunca tendo pensado num esquema tão inteligente para ganhar dinheiro, afinal de contas qualquer idiota que soubesse fazer uma pequena pesquisa descobria que as gasolineiras têm em geral esquemas de segurança que não permitem ter muito dinheiro na caixa. Ou os mestres do crime que na tentativa de assaltar uma máquina de tabaco matam um vigilante que também decidiu trabalhar quando podia roubar.
Com um pouco de sorte são convidados para entrevistas na TVI. Os meus parabéns a todos os génios dos pequenos crimes.

sábado, 14 de abril de 2007

Evidência empírica sobre parques tecnológicos

Clusters industriais:
Existem bastantes estudos que mostram os beneficios dos clusters regionais, por exemplo Paul Krugman e Michael Porter têm estudos deste fenómeno bem documentados. Estes clusters não se limitam a sectores tecnológicamente avançados. Já o Alfred Marshall no início do século 20 descobria os beneficios dos clusters, ao nível da oferta de trabalho (quem oferece trabalho são as pessoas, as empresas procuram trabalho), acesso a inputs especializados e circulação de informação entre pessoas e firmas do cluster. Estes beneficios por sua vez segundo os estudos por exemplo do Krugman, geram um feedback positivo incentivando a mais concentração, não só de firmas mas também de trabalhadores qualificados. Parece já ser neste momento do conhecimento do público em geral que no caso das empresas de tecnologia, a associação de "Venture Capital" e a sabedoria das universidades é o que gera empresas de sucesso num cluster.
As universidades atraem cientistas e engenheiros para a sua região, gerando ao mesmo tempo conhecimento que as firmas podem utilizar. Também já existem estudos a documentar esta transferência de conhecimento das universidades para as firmas, com uma correlação positiva entre a investigação nas universidades e o número de patentes nas firmas aí existentes. Um caso bem documentado é o da Universidade de Stanford e Silicon Valley.
Uma oferta de trabalho altamente qualificada, uma combinação entre grandes empresas e pequenas "start ups", o "venture capital" e os capitalistas, infraestruturas de acordo com as necessidades das firmas de alta tecnologia e ligações com universidades são todos componentes de clusters tecnologicos. Alguns destes itens podem ser feitos com resultados imediatos por políticos interessados em promover a sua região economicamente.
Os estudos indicam que os parques tecnológicos são criados com dois objectivos, o primeiro é o papel de incubadora, nidificando o desenvolvimento e crescimento de pequenas novas firmas tecnológicas, facilitando a transferência do conhecimento das unversidades para edifícios criados para o efeito onde se tornam inquilinos, onde são estimulados a desenvolver produtos e processos inovadores. O segundo objectivo é ser um catalisador para o desenvolvimento economico da região, atraindo investimento e propulsionado o desenvolvimento local.
Claramente os parques tecnológicos são subsidiados, terrenos, edificios, infraestrutura e serviços e redução fiscal.
Agora vem a má notícia, a maioria dos parques tecnológicos criados falham, não foi o caso do Tagus park, mas existem exemplos claros dos E.U.A. onde não houve um verdadeiro empenho no desenvolvimento de parques, apenas a tentativa de contrariar o declinio de outras industrias.
Para concluir, estudos econometricos apontam para um impacto positivo ao nível do emprego de parques tecnológicos onde se produz investigação, também no número de firmas, funcionando mesmo como atracção de capital para a região.
O Michael Porter indicou bem as dificuldades de iniciar este tipo de parques, especialmente do zero.

Leituras recomendadas:

Paul Krugman. Geography and trade
Michael Porter. The economic performance of regions


sexta-feira, 13 de abril de 2007

Sobre a AMIGAIA, para o José Matos

Meu caro José Matos, a coisa que já está bem delineada parece-me ser os parques. Esta é mesmo a parte menos importante do projecto. O verdadeiro esforço do projecto está na captação do investimento. O objectivo é chegar aos interessados directamente e não através de associações como a API, ou qualquer outra que trabalhe em nome do país. Dou-lhe o Exemplo de Frankfurt (Oder), era um belo case study para desenvolvimento do parque de Estarreja (com as devidas diferenças de dimensão!).
O Martins da Cruz, além dos "Road Shows" mais públicos que fará, como por exemplo na London School of Economics (LSE), irá fazer reuniões com potenciais investidores onde tal como em Frankfurt ele não vai falar de Portugal, vai falar de Gaia, apenas de Gaia como uma porta para o outro lado do oceano por exemplo (Porto de Leixões e Porto de Aveiro). A vantagem é que ele vai atirar para cima da mesa a localização, depois vai usar o trunfo que os parques tecnológicos vão ser feitos à medida das empresas que lá se instalarão, para que em cada cluster as empresas possam agir como um todo. Vai falar no acesso a um aeroporto internacional, as ligações ferroviárias (prometidas) e rodoviárias. Quanto à parte de mão de obra qualificados ele vai referir a parceria com a Universidade do Porto e a Universidade de Aveiro com custos de mão de obra moderados comparado com o resto da Europa. Depois vem a parte mais importante, os subsídios para a instalação, o apoio financeiro, os impostos sobre as empresas moderados e a flexibilidade para grandes empresas. Ele apresentará o Business and Inovation Center para start ups e para pequenas e médias empresas (Se procurar por exemplo no exemplo inglês, os principais parques tecnológicos nascem da relação com universidades, 75% das empresas no parque vêm de um raio de 50 kms e 20% da própria universidade, na realidade os parques tecnológicos são compostos largamente por PME's). Por fim utilizará pessoas influentes como referência e falará da qualidade de vida no concelho. O José Matos poderia dizer que isso também pode tudo acontecer em Estarreja, os apoios que Gaia possa conceder também podem ser replicados aqui. O problema é que temos de nos dar a conhecer com o nosso projecto, mostrar claramente os incentivos e mostrar que não vamos mudar de rumo. Em Frankfurt, em 15 anos, foi conseguido apenas o investimento de dez mil milhões de Euros, empresas como a BASF (concorrente da DOW), Aventis, ABB, Eni e a Total, só para citar algumas, localizaram-se lá e não pensam em sair porque o nível de interligação com outras empresas que por lá se instalaram é tão grande que o cluster é mesmo um cluster. Na verdade, o caso de Frankfurt deu origem a novos clusters, um cluster de logística foi criado apenas para servir as empresas ali instaladas, por sua vez este cluster levou à criação de vários serviços locais como por exemplo stands de camiões, postos de abastecimento de combustíveis e oficinas.

Dito isto, continuo a preferir o desenvolvimento de uma plataforma logística no distrito de Aveiro, Aveiro poderia ser a ligação com o outro lado do Oceano, funcionar como a porta de um corredor de mercadorias para a Europa e da Europa. Uma plataforma eficiente atrairá empresas industrias e de serviços.

O ensino de línguas na Europa dos 27

O Eurostat, publica todos os anos uma compilação de estatísticas (cerca de 400 tabelas estatísticas) sobre indicadores da União Europeia. Uma estatística que me parece interessante, é a do ensino de línguas estrangeiras no ensino secundário. No anuário de 2006, Portugal consegue um resultado extraordinário em relação aos outros 26 países da União Europeia neste indicador, num estudo referente a 2004, sobre o ensino de línguas (no estudo só são apresentados o alemão, inglês e francês), Portugal foi o único país que não apresentou qualquer dado. Aparentemente não se sabe o que fazem os alunos do secundário em Portugal (até a Roménia e a Bulgária tinham estes dados...).
A parte interessante do estudo mostra, que por exemplo na Dinamarca, além da sua própria língua, 99,1% dos alunos estavam a aprender inglês14,9% francês e 84,5% alemão, no reverso da medalha está o Reino Unido, 34,4% aprendem francês e 13,9% aprendem alemão. O outro aspecto que parece ser evidente é a escolha da língua inglesa, a mais estudada e o alemão a ganhar largamente ao francês.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Imagino que fosse a algo deste género a que o Vladimiro Silva se referia

A AMIGAIA é uma agência municipal de Vila Nova de Gaia, apostada em atrair empresas de base tecnológica para o concelho (deles, não o nosso). Para o efeito foi nomeado António Martins da Cruz, um homem bastante habituado a grandes negociações e com conhecimentos a nível internacional para cumprir aquilo que se propõe, nada mais nada menos do que 100 novas empresas no concelho, de base tecnológica, sendo para isso projectados três parques para acolher estas empresas.
Aqui fica a sua declaração de princípios:

Diplomacia Económica

A definição dos grandes objectivos estratégicos de desenvolvimento da política de apoio ao investimento e das diversas acções a desencadear para a sua viabilização, passa de modo incontornável, pela definição de uma política local que promova a dinamização da actividade económica do Concelho de Vila Nova de Gaia.

Neste âmbito, a internacionalização da economia local, constitui um dos principais eixos de actuação da AMIgaia, através da promoção de acções de diplomacia económica.

A intervenção no domínio da diplomacia económica irá privilegiar a criação e exploração de oportunidades para as empresas e para a economia local, através da sua internacionalização, do incremento das exportações e da captação de investimento directo estrangeiro de qualidade.

Pretende-se, por um lado, favorecer a inovação do tecido empresarial local, através do reforço da orientação das empresas locais para mercados internacionais, com vista ao seu reposicionamento em segmentos mais competitivos e diferenciados e, por outro lado, apoiar activamente a captação de investimento directo estrangeiro, através de incentivos a projectos de investimento produtivo com forte intensidade inovadora e de natureza estruturante, propiciadores de demonstração e de efeitos de arrastamento no tecido económico local.

Neste domínio serão organizadas várias missões empresariais a países estrangeiros com o objectivo de estabelecer contactos directos com empresas e investidores, câmaras de comércio e outros organismos associativos e representativos do tecido empresarial, que possam contribuir para apoiar activamente a dinamização da actividade económica do Concelho.

Martins da Cruz estabelece uma fasquia bastante elevada, se conseguir será a inveja dos municípios vizinhos. Meu caro José Eduardo Matos, alguns dos príncipios apontados por Martins da Cruz têm que ver com a localização de Gaia, NÓS ESTAMOS MELHOR LOCALIZADOS, é altura de entender que não é só Portugal que luta com outros países para a atracção de IDE, também os concelhos dentro de Portugal devem lutar e fazer por serem vistos. Eu continuo a apostar na plataforma logística, para mim será mais benéfica a longo prazo, não sofrendo de problemas de deslocalização.

Nova proposta para o BCN

O Partido Socialista de Estarreja, pela voz de Marisa Macedo, parece ter definido uma estratégia para o Ballet Contemporâneo do Norte se manter em Estarreja. Esta solução passa pela utilização conjunta das instalações da antiga escola Padre Donaciano e do Cine Teatro. Aparentemente o PS local acrescenta que tem projecto para o estabelecimento na antiga escola de uma escola de artes, pintura, teatro, dança e música parecem ser as apostas deste projecto.

Quanto aos demais aspectos do projecto do PS, cabe-lhes demostrar a sua viabildade, quanto à parte do BCN, penso que se for possível a sua instalação sem defice nas contas ao final do mês, estou apenas a referir-me às despesas directamente resultantes da actividade do BCN, como salários, equipamentos e os custos da sua utilização do espaço, não imputando a este os custos fixos totais suportados pela Câmara com a escola, apenas os custos marginais da utilização do espaço e da manutenção da actividade em Estarreja, deve este projecto por cá continuar. Entendo perfeitamente que seja cobrada uma renda ao BCN pelo espaço, ou se for caso disso, um apoio na forma de instalações gratuitas para o desenvolvimento desta actividade, diminuindo os apoios monetários concedidos pelo município.

A competitividade, o desporto e as empresas

Li hoje que o Gastão Elias passará os próximos dias a servir de adversário para o aquecimento do Roger Federer, antes dos jogos deste último em Monte Carlo. O objectivo caso as coisas corram bem, é que Gastão Elias passe a treinar permanentemente com Federer e assim desenvolva as suas capacidades, Gastão Elias é visto como um jovem muito promissor do ténis português e a competição ao mais alto nível permitia-lhe melhorar substâncialmente e reduzir os seus pontos fracos. A grande maioria das empresas em Portugal, seja na indústria, seja no retalho ou na agricultura grita a quem quiser ouvir dos prejuizos que vêm de competição, que devia proteger-se mais, nós deviamos poder vender para fora, mas não é justo que os outros possam verder cá os produtos. Felizmente nem em todo o lado é assim, mas as excepções são poucas. Estou a excluir obviamente as empresas de capital estrangeiro que têm a competitividade a nível internacional como objectivo. Deviam aprender com o desporto, as dificuldades inerentes à competição feroz de grandes competidores, tal como no ténis, obrigam a que sejamos mais eficientes, a que sejamos mais fortes de modo a lutar com eles. A boa notícia é que ao contrário do desporto, nas empresas não tem de ganhar um e o outro perder. Podem ganhar os dois.

O nosso Primeiro outra vez

Segundo o que li hoje no Diário de Notícias, o José Sócrates, teve equivalência a sete cadeiras que não teve como disciplina no ISEC nem no ISEL. Das duas uma, ou o plano de estudos na UnI é bastante menos exigente que o dos outros locais de ensino, neste caso o programa coberto em disciplinas na UnI, seriam cobertos como parte integrante de disciplinas nos outros locais (O que diminuia a universidade), a segunda hipótese é que o José Sócrates foi favorecido pela UnI.
Não são esperadas respostas pela minha parte, a entrevista desta noite na RTP certamente não trará grandes novidades, visto ser sobre os dois anos de governação.

Fonte: Pedro Correia: "O que está em causa na licenciatura de Sócrates"; Diário de Notícias

terça-feira, 10 de abril de 2007

No Público de hoje!


"As biografias oficiais da Assembleia da República de 1993 já apresentavam José Sócrates como licenciado em Engenharia Civil, três anos antes de o actual primeiro-ministro ter concluído a sua licenciatura na Universidade Independente, avança hoje o Rádio Clube Português.
Nos registos do Parlamento sobre o então deputado socialista eleito por Castelo Branco surgia uma licenciatura em Engenharia Civil, apesar de o actual primeiro-ministro já ter afirmado que apenas terminou a licenciatura em 1996, o que coincidiu com o exercício de funções de secretário de Estado adjunto do Ministério do Ambiente.
Nesse ano de 1993, o registo académico de José Sócrates incluía apenas um bacharelato em Engenharia pelo Instituto Superior de Engenharia Civil de Coimbra, que foi concluído no fim da década de 1970.
Desde então, José Sócrates frequentou o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa e a Universidade Independente, tendo obtido aí o diploma em Setembro de 1996.
Um outro dado revelado pela investigação do RCP aponta para que um ano antes da conclusão da licenciatura, em Outubro de 1995, o então secretário de Estado adjunto do Ministério do Ambiente assumiu o título de Engenheiro no decreto de nomeação para o Governo de António Guterres publicado em Diário da República."

Aparentemente quando o Público abordou a questão, todos lhe caíram em cima por causa da licenciatura de José Sócrates, houve até quem falasse em vingança contra Sócrates por assuntos antigos. Agora afinal todos seguem na mesma direcção.


Fonte: Jornal Público; (o artigo aqui)

A grande ilusão (pilhagem) do nosso século!


O casino de Lisboa apresentou os resultados do seu primeiro ano de actividade, setenta e oito milhões de Euros de receitas de jogo, sententa e oito milhões de receitas mas quanto é que foi pago em prémios? Esse pormenor não vem referido na notícia que li. Na verdade o que preocupa os responsáveis do casino é que a crescente procura vai significar o investimento em novas máquinas de jogo. Não admira que muitos autarcas neste país procurem licenças para este tipo de estabelecimento comercial. Um casino pode ser uma importante fonte de receitas para o município, infelizmente este tipo de negócio apenas explora as pessoas, não entendo bem se é a desiformação se é algum tipo de desespero que leva as pessoas ao casino, a verdade é que estatísticamente quanto mais jogar mais vai perder. O mesmo acontece com o Euromilhões, quanto mais eles colocam ênfase no prémio, mais as pessoas com uma atitude que me parece completamente irracional gastam a jogar. Há mesmo uma correlação positiva entre o valor do prémio deste tipo de jogos e o valor gasto pelos jogadores. Já alguma vez perguntou a si mesmo se joga neste tipo de jogo, quanto gastou no ano? Quantas vezes é que ganhou alguma coisa? Se visitar a página da Santa Casa da Misericórdia (que nome curioso para quem passa as semanas a pilhar os portugueses) ela oferecem um monte de estatísticas sobre os números, mas não há em lado nenhum no site uma página onde lhe expliquem em português claro a probabilidade de ganhar. Porquê? Porque simplesmente era mau para o negócio, porque é que no casino na entrada, não aparece um cartaz como nos maços de tabaco a explicar-lhe que a probabilidade de ganhar é menor do que a de perder? Agora cá vem a magia dos números:
O Euromilhões, se tiver uma máquina de calcular científica (pode usar a calculadora do computador) poderá fazer a seguinte conta (50!)/(5!*(50-5)!) esta operação permite-lhe calcular simplesmente as combinações de 50 números 5 a 5. O resultado é impressionante 2118760 (ainda não desistiu de jogar?) a parte das estrelas, aquela parte fácil de acertar num número! Cá vai: (9!)/(2!*(9-2)!) ou simplesmente combinações de 9 números 2 a 2. O resultado é 36 (sim é bastante mais fácil acertar nas estrelas!). Agora vem a parte chata, para saber a probabilidade de ganhar tem de multiplicar os dois resultados e... 76275360 é o número mágico. Agora basta dividir 1 por este número e a probabilidade de ganhar o Euromilhões é: 0.0000013% (não parece muito grande a hipótese pois não?).

IEFP ineficiente

O Instituto de Emprego e Formação Profissional, segundo o Jornal de negócios de hoje não consegue melhor em 2006, do que a colocação de cinco em cada cem inscritos no mesmo. O que os dados mostram é que o IEFP é bastante ineficiente, apesar de toda a estrutura montada, este organismo não consegue ser um verdadeiro apoio às pessoas, existe o hábito bastante condenável de algumas pessoas que recebem o subsídio de desemprego, de acomodar-se até que o subsídio se esgote, outras esperam que seja o IEFP a encontrar-lhes emprego, os recém licenciados, os desempregados de longa duração, quem frequenta cursos de formação no IEFP não deve cometer o erro de esperar que o IEFP lhes ofereça oportunidades, deve procurar pelos seus próprios meios oportunidades. Era de esperar que este organismo tivesse uma relação muito mais activa com os sectores da economia locais.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

O Torcionário




Surpresa das surpresas, mais uma vez, um político com memória curta, pensado que a generalidade das pessoas também sofrem de igual problema, fez surgir em sua defesa um professor da Universidade Independente (Obviamente isto foi coincidência). Surge mais uma vez de paradeiro incerto, agora é sabido que se escondeu na UnI, o Torcionário, de seu nome António José Morais, aparentemente professor e duas vezes nomeado para governos socialistas, saíndo das duas vezes em vergonha, a última das quais por não ter melhor local para colocar uma emigrante brasileira, a quem achou graça e que trabalhava num restaurante de bacalhau num centro comercial de Lisboa, para os quadros da justiça portuguesa, sem concurso, afinal para quê adiar tão urgente aquisição para os quadros da função pública com um concurso, onde os outros possíveis candidatos nunca caíriam nas graças do António José tal foi o impacto causado por esta. Se estivesse em Inglaterra por exemplo, poderia ter alugado-lhe um apartamento e aparecia quando lhe desse jeito Sr. Morais. Já faltava tão pouco para eu não acreditar em mais nada do que fosse dito por este executivo, o Senhor Sócrates, só a pensar em mim, decidiu fazer emergir o Torcionário, dando-me muito mais do que aquilo que eu pedia para deixar de acreditar... Este Senhor foi só uma pontinha do icebergue com o que estava mal no governo de Guterres. Agora, após o seu humilhante afastamento (mais uma vez) da política, volta, a RTP certamente por falta de tempo nas reportagens omite o passado (tão recente) desta figura... O Armando Vara também estava sossegadinho para ver se ninguém reparava que tinha sido nomeado para a CGD, que tinha tirado a sua licenciatura na UnI e logo aparecem por todos os lados, ligações estranhas entre a UnI e o PS, serão certamente tudo invenções. Já agora este Senhor referia-se a José Socrates como um aluno sempre com o porquê na boca, visto os outros alunos da altura não se lembrarem do Sócrates (afinal de contas não é fácil lembrar de um tipo que está todos dias na televisão), certamente as questões eram colocadas em algum encontro na cafetaria de um dos ministérios?

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Pense primeiro, não compre tudo que lhe dizem

Stefano DellaVigna, Universidade de Berkeley e Ethan Kaplan, Universidade de Estocolmo, estimam no seu trabalho "The Fox News Effect: Media Bias and Voting" publicado no segundo semestre do ano passado, após o estudo de uma amostra de 9256 cidades, que a introdução do Canal Fox News na televisão por cabo e devido à sua inclinação para o Partido Republicano, causou um aumento da votação no Partido entre 0,4 e 0,7 pontos percentuais nas eleições de 2000. A Fox News está presente em 20% das cidades americanas, segundo o estudo dos autores, entre 3% e 28% dos espectadores, dependendo da medição das audiências foram convencidos a votar nos Republicanos.
Aqui está um exemplo claro do que pode acontecer quando se acredita em tudo que se vê, a verdade fica algures perdida no meio de inclinações mais para a direita ou mais para a esquerda. É ver as recentes notícias de tentativa de silenciar a comunicação social por parte do gabinete do primeiro ministro. Estranho é ver a comunicação social que lhe estava mais próxima a manifestar-se contra esta pressão...

Os custos de agência

Mais um exemplo, após a PT, de que só quando as coisas ficam mal para a administração de uma grande empresa é que os accionistas saem a ganhar. Fernando Ulrich, o CEO do BPI, tal como a administração da PT, anunciou que vai distribuir uma grande parte dos lucros (40% aproximadamente) aos accionistas nos próximos anos. Mas porque é que não fizeram assim durante os anos recentes, antes da OPA? Um caso claro que os custos de agência continuam a ser um problema para os accionistas. Com toda a regulação que tem existido ainda é possível a uma administração produzir a sua própria agenda mesmo que essa não coincida com a dos accionistas.
O princípio desta coisa é bastante simples (princípio do dividendo), se não há projectos com retorno superior ao que os accionistas receberiam com outras aplicações, então devolve-se o dinheiro dos lucros aos accionistas (afinal de contas a empresa é deles). A PT e o BPI podiam fazer isto, mas só agora com o aperto é que alinham por esta política.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Finalmente boas notícias

Segundo o Jornal de Notícias (artigo aqui), Ana Paula Vitorino, secretária de Estado afirmou que até 2009 arranca a linha Aveiro-Salamanca, com uma linha mista, de velocidade elevada para mercadorias (coisa que é o que Aveiro precisa) e alta velocidade para passageiros (Sinceramente não era o mais importante). Esperemos que tudo que a senhora disse, ou pelo menos o que vem no jornal seja cumprido, não seja adiado quando chegar a altura. Cabe ao poder político e empresarial local (do distrito) articular-se e combater para que não haja alterações...

terça-feira, 3 de abril de 2007

Ao Vladimiro Silva

Gostaria de esclarecer, em primeiro lugar, que se tem alguns valores que não estão correctos no meu post anterior, não foi por má fé, apenas pelo simples motivo de não encontrar facilmente dados em Portugal, os dados por mim utilizados foram os mesmos utilizados pela autoridade da concorrência aquando da análise do sector em Portugal.
O seu terceiro ponto no comentário que deixou: Quantos sectores na economia pensa que têm margens legais a regular o seu funcionamento? A minha análise não é Portugal contra os outros países, é concorrência perfeita ou não. Existem neste sector restrições do lado da oferta, com limitação de entradas no sector, limites de propriedade e as restrições de natureza quantitativa.
Ponto número quatro: Compreendo que não haja confiança no governo, se estivesse no lugar de um proprietário de farmácia também não confiaria no governo, contudo penso que a ANF serve os farmacêuticos, mas não se servirá também dos farmacêuticos?
O seu quinto ponto: Não possuo dados referentes à densidade populacional do Reino Unido para comparar com Portugal, nem sequer da legislação local, estes factores podem enviesar uma análise tão simplista dos números.
A questão da concorrência por só haver 3 concorrentes na Noruega, compare os preços dos bens nas dezenas de lojas de bairro (antes das grandes superfícies) com os preços na cidade de Aveiro com a existência de grandes superfícies (Feira Nova, Carrefour, Jumbo, Pingo Doce), estas passaram a representar mais de 90% das vendas de produtos alimentares no concelho e os preços caíram drásticamente. A concentração não significa menos concorrência.
O seu ponto seguinte: o monopólio é comercial, não é só quando um bem é fornecido apenas por um fornecedora nível nacional, se preferir eu uso a palavra oligopólio. A verdade é que o lobby do sector tem mantido o número de participantes no sector limitado, com forte regulação criando monopólios locais como afirmei antes. Coloque-se na pele de uma morador na Torreira, acabou de sair do centro de saúde local com uma receita. A que farmácia vai? Tem algum incentivo a andar uns quilómetros para ir a outra farmácia? (eu estou a falar em média, sem casos particulares).
A ANF, desculpe se pensa de outra maneira, é o veículo que mantêm as coisas mais ou menos como estão, os prejudicados são os consumidores finais.
Por fim, a minha escolha para a localização de uma farmácia seria exactamente Canelas, se possível no largo do Campo da Cruz, quanto a mim seria o local que maximizaria o meu número de clientes no panorama actual. Não em Estarreja.
Quanto aos pagamentos, certamente não confiaria no Estado se estivesse na pele de um proprietário, certamente os 1,5% cobrados pela ANF não são pela bondade do coração do senhor Cordeiro mas sim pelo conhecimento de que nunca nenhum estabelecimento actual conseguiria uma taxa mais baixa no mercado de capitais. Quanto aos 8 dias do pagamento que refere, sempre foi assim? Ou foi uma coisa que sempre podia ter sido feita e quando o Estado fez uma proposta igual à que a ANF tinha em vigor o senhor Cordeiro mandou fazer esta alteração? Se eu estiver certo e os 8 dias for uma coisa bastante recente então afinal a ANF está a fovorecer os seus associados?
Os sectores onde Portugal se destaca a nível mundial: Vinhos de mesa, sector do vidro, têxteis lar, sector de rolhas de cortiça e outros derivados, pavimentos e revestimentos cerâmicos, moldes, sector do cimento e alguns outros materiais de construção, sector da embalagem...

O império contra ataca

Os Estados Unidos, um dos maiores defensores do comércio livre, poderá ter dado mais uma facada na já débil Organização Mundial do Comércio (OMC), ao ceder a mais um lobby e fazer subir as barreiras alfandegárias sobre as importações de papel (as barreiras são uma pauta comum, mas o país que eles pretendem atingir é a China). A verdade tem de ser dita que os E.U.A. são o país com as barreiras mais baixas de todo o mundo, mas as pequenas mudanças a que se tem assistido últimamente, mostram que está a produzir-se uma mudança de mentalidades. Os E.U.A. sobre o pretexto que os chineses estão a fazer dumping de alguns tipos de papel no mercado americano, usando um sistema quase generalizado de subsídios à indústria, levantará as barreiras impostas ao papel maioritáriamente usado para jornais, revistas e alguns livros. Parece que se vão seguir os sectores do têxtil, do aço e dos plásticos.
Talvez o comércio mundial seja bom quando se está a ganhar e a subsidiar a Microsoft para conquistar quota de mercado mundial, talvez os subsídios sejam produtivos quando se trata de apoiar a Boeing. A verdade é que o comércio mundial tem feito com que se ganhe bastante em termos de especialização e de preços mais baixos, mas é certo também que há sempre no final algumas pessoas (trabalhadores) que ficam a perder. Neste caso bastou uma empresa pelos vistos com bastante peso nos meios políticos norte americanos para fazer subir o protecionismo.
Quanto a Estarreja, as boas notícias parecem continuar pois aparentemente não haverá restrições na importação de Kiwis, o próximo motor do desenvolvimento local.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

A ANF e o bem estar dos portugueses

Quem visse o blogue "O efervescente" esta semana pensaria que existe uma guerra entre o ministério da saúde e a ANF, quem lesse um pouco mais, pensaria até que os sector das farmácias é um sector de concorrência perfeita, onde o consumidor tem grandes possibilidades de escolha.
O sector das farmácias é apenas um sector com um volume de negócios de 3,2 mil milhões de Euros (valores de 2003), onde os medicamentos representam 92% deste valor e 90% destes dizem respeito a medicamentos sujeitos a receita médica. Com um crescimento de 8% entre 1999 e 2003 certamente este sector precisará de mais um pouco de protecção. A simpática reserva de actividade conseguida através de lobby dá um interessante valor em média de 1,25 milhões de Euros de volume de negócios por estabelecimento e uma margem líquida sobre as vendas de 6,8%.
Sinceramente se isto não é um lobby, porque é que existe limite de entrantes neste mercado? O número de concursos abertos todos os anos é motivo para rir. Uma margem bruta fixada administrativamente de 19,15%, claro que esta margem é de perto de 25% quando se fala de medicamentos sujeitos a receita médica(sim, tal como nos outros sectores da economia, nos medicamentos também há descontos dos grossistas). É aqui que entra a ANF, defensora de concorrência, desde que essa concorrência não ocorra no sector farmacêutico, no resto da economia, tudo bem. Com a esmagadora maioria das farmácias a serem associadas desta, descobriu uma maneira de ganhar dinheiro dos dois lados da barricada, mantendo os seus associados contentes com o lobby para manter o sector o mais longe possível da concorrência perfeita, cobra a estes uma percentagem para que estes recebam as suas dívidas atempadamente, do outro lado faz uma operação financeira, financiando-se no mercado de capitais e cobrando um valor superior ao Estado. Um caso claro de arbitragem. Ao mesmo tempo a ANF estende os tentáculos sobre a actividade individual de cada associado de forma a achar novas formas de mutação e colocar entraves sérios se algum dia alguém os tentar tirar do sector. Ou não estivessem já um pouco por todo o sector, com integração vertical e horizontal, mantendo os seus associados numa teia muito bem montada. A autoridade da Concorrência pensa mesmo que este comportamento inviabiliza a concorrência no mercado. Mas voltando às farmácias, com a entrada no mercado restrita, com medidas quantitativas, critérios geográficos e demográficos, para obter uma licença é preciso entrar num concurso com cariz administrativo e cumprir requisitos de capitação e distância entre farmácias (é bom ter um monopólio local não é meu caro Vladimiro Silva?).
Então em negociação entre o Estado e a ANF foi decidido que vai haver liberalização da propriedade mas as restrições de natureza quantitativa continuam (afinal ainda não queremos concorrência perfeita diz a ANF). Talvez haja receio que faltem técnicos qualificados para trabalhar nas farmácias caso os particulares consigam por a mão em alguma (não faltam)... Já agora, se por acaso alguém quiser contestar que isto é um monopólio, então primeiro vão descobrir o que é um monopólio de natureza comercial. Já agora, o meu caro Vladimiro Silva poderia esclarecer-me, no caso do software fornecido pela associação nacional de farmácias, se este não é utilizado pela mesma para detectar mudanças de comportamento de um associado? Ou pensava que os padrões comuns de gestão criados por este assocação eram para benefício apenas das farmácias? Já agora podia informar-me se não existe estudo nenhum em que se mostre que a liberalização total do negócio das farmácias e que a possibilidade de haver descontos seria significativamente benéfico para os consumidores.