quinta-feira, 19 de julho de 2007

As medidas da Comissão sobre a vinha

Seguindo a dica de que apenas em Portugal existem más plantações de vinha dada por um comentador deste blogue, procurei as visões da situação nos outros países da U.E., aqui ficam as minhas conclusões.
Em primeiro lugar, quem é que é susceptível de aceitar mais rapidamente estas medidas propostas pela comissão, os grandes produtores europeus? Não me parece, agora olhando para os países mais pequenos, os agricultores com menos possiblidades, especialmente os dos novos países da adesão serão os mais atraídos por um subsídio de 7174 € por hectare de terreno que abdiquem. Esta parece ser a mesma preocupação que as associações ligadas ao sector da Eslováquia, da Hungria e da Roménia, que falaram em nome de um conjunto de países do centro e leste europeu.
Em segundo lugar, apesar de poder haver um aumento da qualidade e do preço do vinho produzido na U.E., não vai travar as importações que têm crescido a um ritmo de 10% ao ano nos últimos 10 anos. O que vai fazer é substituir vinho barato europeu por vinho barato importado de fora da U.E..
Em terceiro lugar, esta reforma tem como intenção a criação de grandes grupos de produtores de vinhos, criando barreiras de entrada no sector a novos produtores, especialmente os de pequena dimensão independentemente da qualidade do vinho que pretendam produzir. Para isso a comissária europeia propõe deixar de subsidiar a produção para subsidiar o marketing de vinhos fora da U.E.. Os pequenos produtores sem capacidade para exportar ficam sem qualquer benefício com as novas medidas. Talvez o meu comentador ache que só os grandes grupos produzem bom vinho.
Em quarto lugar, a resposta do ministro alemão à proposta da U.E., "É inaceitável que por um lado um país como a Alemanha que não contribui para a sobreprodução, por outro lado seja um dos mais afectados com os cortes"
O representante italiano Riccardo Ricci "esta medida põe em questão 200 anos de história na produção de vinho em Itália".
Talvez alguém me pudesse explicar como é que vão combater as importações de baixo e médio custo dos países do "novo mundo" com as medidas propostas. Talvez me pudessem explicar como a medida não beneficia apenas os produtores interessados em exportar os seus vinhos para fora da U.E. e por último, talvez me pudessem explicar que só porque um vinho pertence a uma zona demarcada faz dele um bom vinho, caso algumas pessoas que comentam em blogues não conheçam as propostas da U.E., eu posso produzir um vinho de miserável qualidade em Estarreja bastando que para isso compre 85% das uvas do meu vinho em zonas demarcadas.
Agora pelo menos já sabe que sou contra a proposta, mesmo que antes apenas me tenha referido à fatia portuguesa de vinha a ser arrancada.

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