quinta-feira, 3 de julho de 2008

Bons exemplos

O Sr. Pedro Vaz, considera que o Banco Central Europeu (BCE) está a fazer um trabalho miserável. Parece que até a mãe do Sr. Trichet já perdeu a fé nele.
Como suponho que o Sr. não entende muito de negócios, nem de expectativas de empresas, não terá grande conhecimento do impacto da inflação na economia e no investimento das empresas. Provavelmente conhecerá alguém que lhe possa explicar o fenómeno.
Mais ou menos como aconteceu no Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), no final de 1996 os Estados Membros estavam de acordo sobre as linhas de orientação para manter as finanças públicas sobre controlo. Quando alguém é atingido é que deixa de estar de acordo. Hoje há tantas excepções ao PEC que praticamente já não tem utilidade.
O tratado de Lisboa foi assinado, mas um dos signatários já está contra o mesmo (o mesmo tipo que o assinou!).
O universo de políticos competentes em Portugal é cada vez mais reduzido, até o Ministro da Economia anda na rua a controlar a descida do IVA (que palhaçada!).
O objectivo do BCE é a estabilidade de preços (que saudades dos tempos em que tínhamos um Banco Central rigoroso cá em Portugal), não é andar ao sabor dos políticos sem qualquer noção de economia.

A opinião aqui.

Explicação do que é a estabilidade de preços (pensado para crianças) para principiantes. Depois podem aprofundar o conhecimento da coisa. Há imensas coisas interessantes como saber o que acontece quando um governo imprime demasiado dinheiro (coisa que um governo socialista conhece bem)...

2 comentários:

PV disse...

Não nos conhecemos, mas isso não impede que discordemos e muito.

Sem passar atestado de ignorância a ninguém só porque discorda de mim, posso pois dar-lhe a minha opinião, que mais não é que a opinião de muito boa gente que não defende a ortodoxia monetarista, nem tão pouco a arquitectura económica da UE, tal como ela existe hoje.

Mais do que a estabilidade dos preços (leia-se, controlo da inflacção)os objectivos do BCE deveriam passar também pelo crescimento económico e pelo emprego.

Agora plenipotenciar uma instituição como o BCE que é a única entidade da zona euro que pode através da moeda promover quer o crescimento, quer o emprego e não fazer, é prejudicar os cidadãos.

Mais, ao contrário da UE e na pátria do capitalismo o FED (Banco Central Americano) não se coibe de descer taxas de juro, para estimular o investimento enquanto que a Europa as aumenta.

A pressão inflaccionista que o BCE fala, não é por causa da moeda em circulação como o meu amigo dá a entender. Porque a moeda não existe em demasia, mas sim devido ao aumento dos preços do petróleo e dos bens alimentares, entregue cegamente aos jogadores (especuladores) do grande casino neo-liberal, que são as bolsas desses mercados.

Quanto ao PEC e ao controlo do défice. Heveria várias formas de alterar as regras e deixar de asfixiar as economias nacionais de pequenos países como Portugal. Um orçamento europeu maior e que corrigisse assimetrias e excluir das contas para efeito de défice o investimento público que tivesse efeitos reprodutivos.

Pedro Javier Mazzoni disse...

Pedro Vaz, cá fica uma sugestão de leitura: de Robert Barro "Inflation and Economic Growth" (1995).
No que diz respeito a aumentos salariais, o sr. Trichet talvez se estivesse a referir a aumentos salariais como os que aconteceram na Alemanha, acordados com vários sindicatos.
Quanto ao facto de não haver excesso de dinheiro no mundo, talvez possa comparar o montante do crédito que existe com o Produto Interno Bruto do mundo inteiro e depois repita a afirmação de que não há excesso de moeda.
Por último, se o PEC tivesse de ser respeitado como aconteceu no tempo do Sr. do discurso da Tanga (depois do desrespeito do Sr. Guterres), ainda podia mencionar o defunto PEC.