Quando começamos a suspeitar das capacidades de Ben Bernanke de controlar os problemas deixados pelo seu antecessor, eis que ele mostra todo o brilhantismo, coisa que sempre me pareceu ter. Isto apesar de a comunicação social não perceber estes movimentos da economia americana, reclamar a cabeça do homem por deixar o dólar afundar.
Os Estados Unidos atingiram o limite do mercado imobiliário através de uma poupança negativa do sector privado nos últimos anos, ao mesmo tempo o saldo das relações com o exterior tem aumentado e o deficit não tem parado de crescer. Se a questão da poupança líquida não for invertida a crise é certa. É a lógica bastante simples que diz que se continuasse tudo inalterado, o deficit dos E.U.A. facilmente chegaria a números acima dos 7%, a dívida externa dispararia para valores muito superiores a 100% do PIB.
Como Bernanke tenta manter o crescimento a níveis que não afectem os números do emprego (os E.U.A. necessitam de crescer acima de 3% ao ano), precisava de estimular as exportações das empresas americanas, pressionar o consumo interno a baixar, a solução que poderá salvar a economia americana está a acontecer. O dólar está a perder valor, o que poderá permitir manter o crescimento a níveis sustentáveis, diminuir o deficit do saldo orçamental e diminuir o desnível da balança de transacções. Claro que ainda há a questão do preço de petróleo nos mercados a níveis demasiado altos mas para já, Bernanke mereceria a nota mais alta do professor Marcelo, se ele fizesse ideia do que está a acontecer.