quinta-feira, 31 de maio de 2007

As minhas dúvidas

Gostaria de voltar a uma questão que já coloquei sobre indicadores. O que eu realmente gostaria de ver publicado, em termos de indicadores e descobrir se o meu concelho anda para a frente ou para trás:
1) A melhoria do nosso capital humano.
A evolução dos números relativos aos alunos que frequentam o ensino e os seus níveis de escolaridade.
2) Dinâmica da criação de empresas e quais os seus sectores de actividade.
São empresas em sectores interessantes e dinâmicos, industriais ou de serviços, com trabalho qualificado ou intensivos em mão de obra?
3) A evolução do emprego por sectores.
Saber se os empregos que estão a ser criados estão a trazer mais valor acrescentado.
4) O uso de tecnologias da informação e comunicação.
5) Acessibilidades externas, mobilidade de passageiros.
6) Selectividade e recolha de lixo urbano.
Este indicador é importante para a qualidade de vida e do ambiente do concelho. O lixo produzido no concelho deve ser rigorosamente monitorizado.
7) Qualidade do ar e dos solos
8) Extensão de serviços de dependência pessoal.
Saber se as necessidades da população em idade de carência são atendidas. Este rácio deveria ser calculado pela soma do número de lugares em infantários e o número de lugares para idosos para idades com menos de 6 anos e mais de 69 respectivamente.
9) Cobertura para pessoas com deficiências.
Tal como o último indicador, saber o número de lugares disponíveis em centros adequados para pessoas com necessidades especiais.
10) Um índice para o crescimento do Valor Acrescentado Bruto.
11) Evolução do PIB por habitante e a sua comparação a nível nacional.
12) Desemprego e a sua evolução.
Afinal como estamos nós nestes pontos?

Voltando ao interesse económico local

A Comissão Europeia, pela voz de José Manuel Barroso (Durão Barroso) reconheceu o papel global que o Brasil tem vindo a assumir (tem lá muitos recursos naturais que interessam a todos os países desenvolvidos digo eu). Para tal irá realizar-se uma cimeira U.E.-Brasil já este ano.
Foram reforçadas as ideias que se pretende que haja alargamento de questões específicas como o comércio, sendo uma das áreas privilegiadas o transporte marítimo.
Isto vem cada vez mais reforçar a minha ideia que se deveria apostar nos portos marítimos (não nos aeroportos), o Porto de Aveiro complementado por uma rede de velocidade elevada entre Aveiro e Salamanca (não alta velocidade para passageiros!) para mercadorias, poderia tornar-se numa das mais importantes plataformas logísticas europeias. Estarreja tinha imenso a ganhar com medidas para melhorar o nosso produto potencial (mais uma palavra que o Teixeira dos Santos esqueceu).
Qual seria o impacto destas infraestruturas na análise global de projecções macroeconómicas internacionais para a economia portuguesa?

Uma alternativa para o HVS

O PS de Estarreja, apresentou uma proposta alternativa para as urgências do Hospital Visconde de Salreu. Pode ser lida no site "O Efervescente".
Parece-me algo que vai na linha do que dizia Rui Crisóstomo, embora aqui sejam apresentadas propostas mais concretas. Pensava que as negociações passavam por um tudo ou nada, mas se for preciso comprometer uma parte do serviço de urgência, for exequível este plano e demonstrarem que os Cidadãos do concelho ganham mais com esta proposta do que com a manutenção do "statu quo ante" da urgência é uma boa proposta. Não me posso pronunciar sobre os detalhes da proposta porque saem do meu entendimento mas penso que deveria ser debatida.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Apatia do contribuinte e Inércia institucional

Bem, o título foi roubado de um discurso de 1999 de James Buchanan, onde ele criticava a actuação do governo que ao mesmo tempo que conduzia o país a perdas de salários reais, aumentava os impostos tornando os rendimentos dos cidadãos ainda menores. Ele falava também que deviamos tomar a política como ela é, não como gostariamos que fosse. A política nunca se encontra num estado de equilíbrio, a apetência para gastar nunca é contida. A diferença que ele notou, para períodos anteriores da história, é que desta vez os cidadãos aceitaram estes aumentos com apatia.
Qualquer semelhança com o actual governo é pura coincidência.

Demolir o Estádio Municipal de Aveiro

Se pensa que eu estava a brincar com o título, não estou. Há algum tempo li num jornal que precisava-se de ideias para o estádio. A Empresa Municipal de Aveiro apresentou no ano de 2005 prejuízos de 870 000 €, agora o ano de 2006 acabou com prejuízos de 840 000 €. Os custos com a construção do estádio nunca foram cobertos. Poderia estar agora aqui a falar de como o município de Aveiro foi enganado, porque confundiu ganhos nacionais do Euro 2004 com ganhos regionais mas isso era outra conversa e fica para outro dia.
Agora a ideia, simplesmente assumam que cometeram um erro, vendam o estádio não como estádio mas como um terreno com uma edificação para demolir. Numa altura em que perdem tempo a descobrir se os problemas da câmara são de 250 000 000 € ou se são 160 000 000 €, cada ano que passa lá vão quase 1 000 000 €.
O custo do estádio é aquilo que em economia se chama um custo afundado. O dinheiro está gasto, não incluam esse custo na análise, simplesmente encarem os factos que um estádio daquela dimensão não serve para ter uma equipa com uma média inferior a 5000 espectadores nos jogos, 15 jogos do campeonato e mais alguns amigáveis e da taça de Portugal num ano com 365 dias??? Se não querem abdicar do estádio então a Empresa Municipal de Aveiro tem de se tornar numa empresa que organiza eventos e não numa empresa que aluga um espaço.

terça-feira, 29 de maio de 2007

As contas do Município (proposta)

Penso que as forças políticas locais deveriam chegar a um entendimento. Não na questão das contas. O problema do desenvolvimento local poderia ser analisado através de indicadores, indicadores compilados pela Câmara mas, sobretudo indicadores em que os vários partidos concordassem. Estes indicadores, além da sua função de auxílio na análise do desenvolvimento regional, permitiriam criticar opções passadas e analisar as mesmas com critérios históricos, análises consistentes e fidedignas. Estes indicadores serviriam também além de uma análise histórica com o passado, analisar a realidade local com realidades de concelhos vizinhos, ou com concelhos de magnitude próxima da de Estarreja, com concelhos de magnitude superior e com os níveis nacionais.
A apresentação destes indicadores, com a periodicidade desejada pelas partes para a sua produção e divulgação iriam expor com clareza um conjunto de consequências das políticas adoptadas. Desde alertas sobre fenómenos sociais a fenómenos económicos.
As vantagens desta opção:

- Apreciação crítica da realidade
- formulação de pontos de situação

Os indicadores escolhidos, deveriam ser claros, mensuráveis e concretos. Deste modo, ambas as partes teriam argumentos para apresentar que não poderiam ser contrariados pela outra parte com ambiguidades ou meias verdades. Um indicador é um meio de entender a realidade, concentrando-a em pormenores.
Em jeito de conclusão, uns bons (poucos!) indicadores apontariam e esclareceriam muito melhor do que frases confusas.

Sim, querem entrar na U.E.


A foto é de um debate parlamentar na Turquia, mas os senhores têm o hábito de resolver assim as coisas...


Foto: Reuters

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Paulo Portas corrupto?

Dois autores (Ray Fisman e Edward Miguel) num trabalho publicado em 2006, com o título "Cultures of corruption: Evidence from diplomatic parking tickets" tentam demonstrar através do estudo de multas de estacionamento aplicado a diplomatas em Nova Iorque, que países altamente corruptos, são em média países com alta tolerância a corrupção na sociedade em geral e que há uma prática geralmente aceite de corrupção.
O estudo é interessante porque demonstra que apesar de os diplomatas reunidos em Nova Iorque serem portadores de imunidade diplomática (milhares de diplomatas na ONU), permitindo desta forma detectar culturas que têm a corrupção disseminada tornando os seus diplomatas desrespeitadores das normas vigentes em Nova Iorque e os diplomatas que apesar da sua quase total imunidade apresentam-se na cidade como respeitadores das regras de trânsito. O Kuweit veio em primeiro lugar, com 246 violações por diplomata, seguido do Egipto 139, Chade 124, Sudão 119, Bulgária 117, Moçambique 110, Albânia 85, Angola 81, Senegal 79. Portugal está em 68.º lugar com 9 infracções por diplomata. A lista tem 146 países, por isso estamos bem colocados em termos relativos, comparando o nosso número com o dos primeiros classificados mas mal classificados em termos absolutos porque ficamos na metade inferior da classificação. Grande parte da União europeia não cometeu nenhuma infracção (Suécia, Letónia, Irlanda, Grécia, Dinamarca, Holanda, Reino Unido e Finlândia). A Alemanha tinha uma infracção. Logo não ficamos nada bem na fotografia da União Europeia.
Na edição do Semanário Expresso de 21 de Abril de 2007, como pretexto das eleições no CDS/PP, ambos os candidatos às ditas eleições (Paulo Portas e Ribeiro e Castro) foram acompanhados durante um dia por um repórter do semanário. Durante uma viagem de automóvel era narrado incentivo de Portas a andar mais depressa, ordenou ao seu motorista para passar numa faixa reservada (BUS) e o motorista acabou por confessar que no dia a dia tal como naquele dia as infracções cometidas não são poucas e são sempre da autoria moral do passageiro.
Não estou de forma alguma a chamar corrupto ao Sr. Paulo Portas, afinal de contas o estudo dizia respeito a multas de estacionamento mas não deixa de ser uma coincidência engraçada.

Estudo: Fisman, R. and E. Miguel (2006). Cultures of corruption: Evidence from diplomatic parking tickets.

O circo mais caro do mundo

Se como eu já achava que o conselho de segurança da ONU e as suas resoluções eram uma bela peça de stand up comedy, então também deve achar extremamente engraçado o nomeado para presidente da comissão de desenvolvimento sustentável da ONU o ministro do Ambiente e do Turismo do Zimbabué, o senhor Francis Nhema.

Alguns factos e números sobre o Zimbabué (em inglês)

Como não salvar o Darfur

Apesar dos meus escassos conhecimentos de história do continente africano, pergunto-me se no Sudão nos últimos séculos alguma vez houve realmente paz. Uma coisa é certa, as pessoas do Darfur, tal como aquele milhão que se diz já ter falecido no Iraque, morrem porque alguém precisa de petróleo. No caso do Darfur não estão ocupados por nenhuma potência mundial mas sofrem das necessidades de uma potência. O simples facto é que ninguém quer realmente parar aquela guerra, porque ninguém quer incomodar a China. Os interesses económicos das suas empresas multinacionais não são compatíveis com um monte de africanos que ninguém conhece nem sentirá a falta. O mesmo se passa com os iraquianos. Assim, embora todos lamentem demagógicamente a tragédia que se vive no Darfur, todos fazem de conta que a China não tem um programa de troca de armas por petróleo com o Sudão e que garante que o regime lá instalado não é incomodado internacionalmente. Na ONU a China usa todos os meios à sua disposição para impedir decisões do conselho de segurança para que tropas internacionais entrem no Darfur.
As multinacionais americanas, europeias, japonesas, sul coreanas, etc., querem estar no mercado Chinês, os chineses precisam de petróleo, os africanos têm petróleo, Os países africanos têm políticos corruptos. A cadeia de valor é mais complexa mas dá para entender a ideia.
Darfur exposes Chinese hypocrisy, no Washington Post;

Uma explicação diferente para o fraco desempenho económico

Na última década, vários estudos têm sido efectuados para tentar demonstrar o impacto da corrupção na performance económica de um país. O tema mais abordado nestes estudos é a utilização de cargos públicos para ganho próprio. O exemplo mais claro é a má utilização dos recursos públicos, de forma ilegal, em coisas como a má alocação de recursos públicos, de forma a no final melhorar a situação do detentor do cargo público.
De que maneira é que quem está num cargo público pode explorar esse cargo para melhorar a sua situação pessoal?
A maneira mais comum é roubar os que os elegem, através de aceitação de subornos para influenciar a regulação de actividades económicas (Já alguma vez pensou por que é que há tanta burocracia associada à obtenção de alguns serviços ou benefícios do Estado?).
Uma medida normalmente associada à corrupção e à sua cobertura é o controlo dos meios de comunicação social (Hugo Chavez?), um estudo de um senhor Besley em 2006 com base em informação de 90 países mostrou que a corrupção está positivamente associada com a longevidade nos cargos políticos e a liberdade de imprensa está negativamente correlacionada com a longevidade nos cargos políticos. Mais ainda, conclui que a propriedade de jornais por parte do Estado está positivamente correlacionado com corrupção (Madeira???) e novamente positivamente correlacionado com a longevidade política.

domingo, 27 de maio de 2007

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Aproveitando que estes dias a Sra. Boel está em Lisboa


Voltando à questão da agricultura, com alguns detalhes específicos. A 24 de Janeiro de 2007 foi apresentado em Bruxelas pela responsável do sector a comissária Mariann Fischer Boel e ao mesmo tempo decorria uma sessão em Lisboa sobre uma reforma da agricultura. Mais concretamente frutas e legumes. Depois de uma análise do sector na União em termos de produção, comércio e consumo foram apresentadas as medidas da reforma. Um dos problemas indicados e que dá grande poder a quem faz a distribuição e não aos produtores é o agrupamento insuficiente da oferta (bom motivo para criar uma cooperativa e ter mais poder); Preocupações ambientais foram outra problemática, um bom ponto para apostar na agricultura biológica; Em Portugal apenas 6% das frutas e legumes são comercializadas por organizações de produtores, na Bélgica são 86%, na Holanda 79%, Irlanda 77% (se não houver alguma dimensão numa exploração nunca terão poder no mercado); Por fim e saltando alguns dos elementos importantes da questão salto directamente para os apoios (daqui parece-me que era só escolher qual o que mais se adequava à situação local) Apoio:


- 60% de co-financiamento comunitário para produção biológica.

Pequena parte do texto apresentado à imprensa:
A integração das frutas e produtos hortícolas no regime de pagamento único tornará as obrigações de condicionalidade extensivas aos agricultores que receberem pagamentos directos. Além disso, cada programa operacional terá de efectuar pelo menos 20 % das despesas em medidas ambientais.
A taxa de co-financiamento comunitário da produção biológica será de 60% em cada programa operacional.

O que Correia de Campos não faz

Não faz Correia de Campos nem faz nenhum dos seus colegas de governo. Apesar de promessas por parte do governo nada muda. O governo continua a não pagar as suas facturas dentro de prazos razoáveis (notícia aqui). Este problema tem duas faces que são prejudiciais. A primeira é que estes atrasos sempre que a empresa em causa decide cobrar juros ao governo quem paga esses juros são os portugueses. O segundo problema é que aquele que podia ser um importante mercado (não estou a referir-me apenas ao fornecimento de hospitais mas da função pública em geral) para pequenas é médias empresas simplesmente não o é porque estes não têm a capacidade financeira das multinacionais para esperar tranquilamente por estes pagamentos.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Se o Mário Lino o diz quem sou eu para o contrariar?

Desta vez não posso infelizmente discordar do ministro Mário Lino, também eu acho que a grande parte do investimento em Portugal vai para a região que circunda Lisboa e que a distribuição de investimento pelo país é tudo menos equitativa. Pena esta constatação ter saído da boca do ministro das obras públicas.

Malabarismos


George W. distribui autógrafos enquanto se celebra a memória dos soldados da paz que faleceram ao desempenharem a sua função.

Enquanto ele se diverte este mês já morreram quase cem soldados americanos no Iraque. Os iraquianos já ninguém conta.

Imagem: Time

A Câmara Municipal de Estarreja

O Partido Socialista de Estarreja faz acusações graves às contas da Câmara Municipal. Há claramente três partes distintas no artigo publicado no "O Aveiro". A primeira diz respeito a uma acusação de falta de projectos para captar fundos da União Europeia. Um segundo ponto é uma referência à dívida camarária, este ponto é demasiado ambíguo. O que é que é a dívida? É o passivo? Não entendo muito bem o que está em questão.
Quanto ao terceiro ponto aqui sim há problemas. O PS afirma que o nível de investimento desceu quase 20% mas que as dívidas a fornecedores aumentaram 5 800 000 €. Este ponto é problemático, porque é perfeitamente compreensível que a CME para atingir os fins a que se propõe necessite de adquirir os bens e serviços indispensáveis ao exercício do seu mandato. Mas perante as acusações que o PS faz parece-me que eles se referem a fornecedores de conta corrente. Se assim for o caso, o que é que a CME adquire que provoca um aumento tão grande desta conta? Houve uma expansão de grande dimensão que leve a que a CME tenha necessidades muito maiores actualmente?
Só posso apresentar como termo de comparação o que se passa na empresa onde trabalho. Onde a competitividade, a rendibilidade e o sucesso da empresa passa pela adopção de estratégias adequadas e por um constante empenho na minimização e no controlo de custos.
Daqui deixo várias perguntas no ar, caso se verifique que este problema é de fornecedores de conta corrente:
-As compras de bens e serviços são correctamente autorizadas (de quem é a culpa se não são)?
-As compras são efectuadas intempestivamente?
As compras são efectuadas a quem no mercado na altura da compra oferece as melhores condições de mercado?
-Quem é o responsável pelos procedimentos genéricos das compras?
-Há algum controlo para constatar a necessidade de compra?
Quem é responsável pela pesquisa e selecção de fornecedor está a fazer o trabalho correctamente?

Esta situação apresentada pelo PS é muito grave, gostaria de ver este assunto esclarecido.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Oportunidades perdidas

O Abel Cunha, no seu Notícias da Aldeia por várias vezes já demonstrou o seu descontentamento com o funcionamento da sua Junta de Freguesia. Desta vez num texto intitulado "O papel das Juntas de Freguesia" crítica mais uma vez a pouca acção da sua junta. Eu concordo plenamente. É o meu entendimento que o futuro deveria passar por cooperativas de exploração florestal. Propriedade dos actuais donos dos terrenos, atingir uma exploração articulada e com alguma escala. O segundo tipo de cooperativas seriam para exploração de agricultura biológica. Para que é que querem construir armazéns de empresas medíocres em Salreu, quando os terrenos são ideais para explorações do tipo que mencionei. Caso fosse criado com sucesso uma cooperativa agrícola, com ganhos de escala e diminuição de todo o tipo de custos, fixos, médios, marginais rapidamente a região poderia entrar no mapa num país com uma das mais baixas explorações agrícolas biológicas por 1000 habitantes da União Europeia. Uma segunda fase que certamente criaria mais alguns postos de trabalho localmente, após uma correcta implementação da primeira fase seria a tentativa de entrada na distribuição dos produtos.
Se eu tivesse concorrido à Câmara Municipal o meu programa teria consistido exactamente na exploração destas potencialidades para as juntas de freguesia do concelho. Teria feito de tudo para que as minhas freguesias estivessem presentes como uma das áreas LAG (local action groups) no programa Leader+ da União Europeia e recebessem fundos estruturais para desenvolver o potencial agrícola das minhas freguesias. Afinal de contas este programa destina-se a apoiar o desenvolvimento sustentável na área da agricultura. Realmente as juntas de freguesia não podem gerir negócios, mas podem potenciar e dinamizar para que eles aconteçam.
O eco-parque pode ser o principal dinamizador do concelho no futuro mas há tanto que se poderia fazer com um bocadinho de trabalho. Esta é a minha proposta concreta para as freguesias e já a defendo há alguns anos. O Leader+ era uma oportunidade enorme. Perguntem aos polacos qual vai ser a fatia deles até 2013...
Termino dizendo que não sou candidato a nenhum lugar. Apenas gostaria de partilhar a minha visão do que poderia ser uma industria importante no concelho, que com alguma escala atrairia os jovens a estudar e a continuar este tipo de actividades ainda com mais eficiência. De outra forma ninguém vai achar a agricultura apelativa, cada vez as parcelas de terreno são menores e a sua utilização menos eficiente.

Crónica de uma queda anunciada

Há alguns dias, antes da entrada do S.L. Benfica na bolsa eu chamei às acções do SLB um cão com pulgas, comprar acções do SLB é como entrar no Titanic sabendo que ele se vai afundar. O volume de negócios do título não passou hoje muito além dos 250 000 €, tendo a capitalização bolsista caído para pouco mais de 58 000 000 €. Gostaria de saber se aquele senhor de bigode que leu um discurso claramente não escrito por ele no dia da admissão. A minha única dúvida é se demorou muito a livra-se das suas acções. Na minha modesta opinião a única coisa que poderia inverter esta tendência de queda dos clubes portugueses seria eles colocarem a maioria do seu capital no mercado dando possibilidades a especulações de compra dos clubes. Quanto ao Benfica, cairá mais ainda, afinal de contas o título vai ter de sofrer o ajustamento e além de sócios que nada entendem de mercados de capitais não se avistam mais investidores.
Se pensar em comprar algumas é melhor descobrir o sentido da frase wishful thinking.

Será mais um compromisso pessoal do Mário Lino? Ou será desta vez do António Costa? Algum familiar dele ainda não terá emprego?

Para quem não reparou, a semana passada, o grupo parlamentar do PS vetou duas propostas, uma do PCP e outra do BE para que durante períodos em que as auto-estradas estão em obras os utilizadores não tivessem que pagar as respectivas portagens às concessionárias. Toda a oposição votou a favor das duas propostas mas como o PS tem a maioria nenhum dos diplomas passou.
Quem é que foi favorecido com esta votação por parte do PS? Os consumidores (portugueses)? Ou as concessionárias? Como concelho atravessado por duas auto-estradas, pareceu-me importante referir esta nova brisa que parece refrescar o governo. Quanto ao governo, nem uma palavra sobre o assunto.
A DECO já protestou contra esta atitude. O Automóvel Clube de Portugal também mostrou o seu profundo desagrado pela situação. O seu presidente afirmou que iria pedir ao Presidente da República para intervir no assunto e mostrou desta forma a sua admiração pelo governo:
"O PS nunca fez rigorosamente pela segurança rodoviária neste país, através dos incompetentes ministros António Costa e Ascenso Simões"
Sim o António Costa é aquele que deixou de ser ministro para se candidatar a uma câmara municipal e foi substituído por um tipo que havia sido nomeado para o tribunal constitucional, para demonstrar em que estado está a política. Mas isso é outro assunto.
Já agora não havia um compromisso para uns milhares de empregos? Não era de um primeiro ministro de qualquer país na União Europeia? O que sei é que por cá o nosso anda escondido como um rato e não comenta o assunto do desemprego.

O síndrome República Democrática Alemã

Hoje em conversa com alguém que trabalha na função pública e que conhece extremamente bem o Estatuto Disciplinar dos Funcionários da Administração Pública, foi-me dito que esta suspensão na DREN é quase um entendimento extremo do regulamento, ainda mais que a situação se passou durante a hora de almoço.
No meu entendimento do caso, de um lado está um funcionário que tem um cartão de militante do PSD e a sua superior hierárquica, apesar de não ser referido, não tenho dúvida nenhuma que terá sido nomeada não pela sua competência mas por ter um cartão do PS. Tal como o caso recente de Rui Crisóstomo em entrevista ao "O Aveiro" também esta directora da DREN deve sentir que deve obediência à tutela e em vez de pensar com a própria cabeça apenas faz aquilo que lhe vem de cima.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

O caminho certo

Não só de futebol vive um país. Desta forma e visto que devido ao tamanho reduzido deste concelho não se justifica apostar no futebol como modalidade principal, por esta nunca conseguir ultrapassar escalões secundários fica o meu apreço pela realização da fase final da Taça de Portugal em Andebol num pavilhão onde não cabia mais ninguém para assistir à final. Com modalidades em que é possível ter grandes eventos a nível nacional em Estarreja, somos visitados por pessoas que passam a conhecer a cidade e pela imprensa nacional que dá alguma visibilidade, ainda que pequena ao concelho.
Um dos exemplos é o Jornal de Notícias (aqui).

Sobre Angola

O Semanário Expresso, continha uma notícia interessante sobre os gostos do presidente José Eduardo dos Santos. Se um passasse algum tempo a compilar relatos dos actos governativos deste senhor poderia entender que ele tem uma visão muito pessoal de democracia.
Nas boas palavras do John Locke:

"(...) tyranny is the exercise of power beyond right, which no body can have a right to. And this is making use of the power any one has in his hands, not for the good of those who are under it, but for his own private separate advantage. When the governor, however intitled, makes not the law, but his will, the rule; and his commands and actions are not directed to the preservation of the properties of his people, but the satisfaction of his own ambition, revenge, covetousness, or any other irregular passion."
Porque é que a generalidade dos ditadores africanos (Angola é uma "demoracia") escolhe sempre a Boeing para fornecer os seus aviões particulares?

Como a economia pode prejudicar os porcos

O governo dos Estados Unidos decidiu que o milho deveria ser a escolha para a produção de bio combustíveis. O seu objectivo é diminuir a dependência externa de combustiveis fosséis. Para tal introduziu um benefício fiscal de $ 0.50 por galão de combustivel produzido a partir desta fonte alternativa. Ao mesmo tempo o governo americano decidiu proteger os seus produtores de milho e introduziu uma pequena barreira alfandegária para as importações de milho do Brasil. O resultado foi obviamente o aumento significativo do preço do milho nos mercados pressionados pelo aumento da procura provocado pelos produtores de bio combustíveis e pelo aumento provocado no preço pela imposição de uma tarifa nas importações do Brasil. Os suinicultores que utilizavam uma incorporação de entre 30% a 60% de milho nas rações que davam aos seus animais vêem-se agora obrigados a procurar substitutos mais baratos e de considerável pior qualidade para alimentar os seus animais.

sábado, 19 de maio de 2007

Um novo clube?

Descobri que não sou o único a considerar muitos acontecimentos do dia a dia como coincidências. Os que também acreditam nestas consequências dão-se pela alcunha de gato fedorento, se procurar no site da RTP (aqui) e procurar o video "buscas na Câmara de Gondomar" fica a par de mais uma coincidência. Talvez fosse altura para criar o clube das coincidências. Assim uma coisa para manter o registo dos acontecimentos relevantes.
Se quiser a notícia a verdadeira (aqui).

quinta-feira, 17 de maio de 2007

O fim do silêncio

Rui Crisóstomo, administrador em comissão de serviço no Hospital Visconde de Salreu, em entrevista ao "O Aveiro", coloca o seu ponto de vista sobre o encerramento das urgências e os seus projectos para o HVS no futuro.
Não vou fazer comentário quanto à postura do administrador até porque não sou fundamentalista e querer obrigar todos a defenderem a mesma posição que eu seria simplesmente errado. O que vou comentar são algumas frases mais infelizes. Apesar da defesa do encerramento das urgências por considerar que HVS "não tem as condições necessárias e suficientes para manter a dita urgência", acho esta frase profundamente errada: "Enquanto presidente do CA do HVS devo obediência à tutela e tenho que aplicar localmente as directivas que me chegam superiormente". Se a tutela mandasse que nenhum paciente com mais de 65 anos recebesse tratamento por considerar que são um passivo demasiado grande para o Serviço Nacional de Saúde iria acatar a ordem? Iria continuar a dever obediência? A meu ver este é o ponto que justifica a minha anterior afirmação de que não há almoços grátis. Rui Crisóstomo foi escolhido, além da sua ligação ao PS, por não se opor ao encerramento da urgência.
Quanto aos seus planos para o futuro do hospital, espero que o HVS possa ser expandido e não que haja uma regressão até à extinção.
Uma palavra final, para o senhor ter aproveitado a entrevista para atacar José Eduardo Matos. A acusação de que o executivo da Câmara apenas exibiu argumentos teóricos para defender a urgência quando deveria ter feito outras acções não tem cabimento. Os argumentos teóricos são tudo que o executivo pode fazer, ao compilar um conjunto de argumentos concretos que servem para dar peso ao manifesto (sejam ou não aceites) e quanto aos melhoramentos do hospital, não me parece que estes sejam da competência da Câmara, nem sequer me parece que algum dos iluminados do painel que decidiu o encerramento das urgências conheça o exterior do hospital. Como li o documento final apresentado pelos iluminados não acredito que este tenha sido um critério ou possa ser um dos critérios para manter a urgência.

A entrevista, na edição online do "O Aveiro" pode ser consultada aqui.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Curiosidades


No anúncio televisivo da Optimus, intitulado "internet num minuto", onde um intrépido ou simplesmente descuidado sujeito tenta fazer uma ligação à internet através de uma ligação USB em menos de um minuto acaba em beleza. Quando ele vai finalmente ligar o aparelho ao computador é possível ver que o computador já tem uma página de internet carregada... Será que a Sonae estava a usar alguma ligação da PT?
Um golo na própria baliza da agência de publicidade.

terça-feira, 15 de maio de 2007

A competitividade portuguesa

Como não gosto que o Manuel Pinho fale sem dados concretos, decidi por minha iniciativa, auxiliar o trabalho do ministro publicando os dados do Eurostat (que não sofrem de manipulação do governo) sobre os preços de electricidade para os consumidores domésticos. As legendas estão no final. Portugal está no pelotão da frente, se depender do Manuel Pinho vamos subir ainda mais. Tudo com o objectivo de nos colocar no pelotão da frente da Europa.



Preços da electricidade
País 2007
Italy 0.1658
Luxembourg 0.1509
Ireland 0.1465
Germany 0.1433
Portugal 0.1420
Netherlands 0.1400
Norway 0.1361
Slovakia 0.1292
United Kingdom 0.1254
Belgium 0.1229
Cyprus 0.1177
Denmark 0.1170
Sweden 0.1088
Austria 0.1050
Hungary 0.1019
Spain 0.1004
Malta 0.0940
France 0.0921
Poland 0.0919
Czech Republic 0.0898
Slovenia 0.0887
Finland 0.0877
Romania 0.0855
Croatia 0.0760
Greece 0.0661
Lithuania 0.0658
Estonia 0.0635
Latvia 0.0583
Bulgaria 0.0547

Este indicador apresenta os preços no consumidor final de energia, definido da seguinte maneira: consumo anual de 3500 Kwh dos quais 1300 Kwh durante a noite, os preços são em euros, sem impostos, por Kwh.

Fonte: Eurostat, Electricity prices - households

Não vote no António Costa!

O António Costa, considerado dos ministros mais importantes deste governo (eu nunca o considerei importante em nada) vai sair do governo para ser candidato à Câmara Municipal de Lisboa. Na minha modesta opinião, isto mostra o quão pouco a sério deve ser levado este governo e tudo que de lá possa sair. Então só porque é preciso ganhar uma eleição na maior Câmara do país, saí o ministro da Administração Interna para ir concorrer a estas eleições? Todos os compromissos que se assumem quando se concorre a umas eleições não têm valor. Não se paga auto-estradas, afinal depois já se paga, não se aumenta impostos, afinal a situação é mais grave do que aquilo que pensavam e já se aumenta. Quando se está na oposição tudo que o governo faz está mal, depois entra-se no governo e não se muda aquilo que nos debates parlamentares parecia ofender a integridade do deputado da oposição. Os ministros nomeados não devem fazer grande coisa além de nomearem familiares para trabalhar nos gabinetes, pelos vistos são substituíveis por qualquer outro tipo...
Basta de políticos de segunda, basta de António Costa. Basta deste governo de karaoke que nada faz e tudo anuncia. Isto não é verdade, fez o Metro do Sul do Tejo, fecha urgências, promete um novo aeroporto que nada custa aos portugueses e quebra as promessas eleitorais que fez.Agora está desesperado para preparar mais uma privatização e vende imóveis e procura implementar portagens o mais rapidamente possível.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Mas o que é isto???

Como o Jornal de Negócios não tem uma secção de humor, penso que eu é que já não tenho mais paciência para estas piadas do Mário Lino. Será que o Teixeira dos Santos está obcecado com o défice e precisa de todo o tipo de receitas que possam cair e isto seja a pressão das finanças sobre outro ministério ou é isto outra coisa?
A notícia é de hoje às 19:15, está publicada na página do Jornal de Negócios (aqui):

Governo ainda não decidiu se há concurso para Scut
O Governo ainda não decidiu se vai ou não haver concurso para a implementação de portagens nas Scut (auto-estradas sem custos para o utilizador). Em cima da mesa estará ainda um possível ajuste directo do sistema, que, segundo fonte oficial do ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações estará decidido no segundo semestre deste ano.
Mais uma coincidência, num dia uma empresa concessionária de Auto-Estradas anuncia que tem um sistema de cobrança sem portagem e à noite, fonte do ministério das Obras Públicas anuncia que pode não haver concurso...

Como ganhar as eleições em 2009

Se daqui a alguns meses o Partido Socialista, este governo ou qualquer ministro lhe parecer um autêntico prodígio, dádiva divina ou qualquer outra coisa que lhe queira chamar não estranhe.
Se quiser saber hoje por que é que isto vai acontecer então deve ir ao Vela Latina e ler o que por lá foi escrito sob a foto do Ricardo Costa. Se depois de ler não acreditar, pode consultar o link lá disponível. Se quiser aproveitar, acompanhe regularmente os editoriais e colunas de opinião do Diário Económico. Encontra sempre alguma coisa interessante.

Há um cheiro estranho nisto

O primeiro candidato oficial, pelo menos que eu tenha conhecimento para a colocação de portagens nas SCUT surgiu hoje. A Brisa é esse candidato. A A29 vai competir directamente com a A1 pelos utilizadores entre Estarreja e o Porto. Não entendo qual vai ser o papel da empresa responsável pela cobrança de portagens na A29, se vai fixar preços ou se vai apenas fornecer o serviço de cobrança do serviço. A concessão actual desse troço da A29 pertence à Aenor, um consórcio maioritariamente entre empresas de Construção e bancos.
Se a Brisa fixar o preço na A29, qual vai ser o seu incentivo para que os preços entre a A29 e a A1 compitam entre si? Não é difícil ver a actuação da Brisa em longos anos de historia da A1, não havia alternativa para quem fizesse longas viagens pelo litoral que não fosse a A1, esta sempre foi gerida sem grande respeito pelos utilizadores, com a necessidade de obras sempre adiada até ao último momento e os alargamentos sempre efectuados com atraso. Os aumentos sempre se encostaram ao máximo legal, nunca em período de obras foi baixado o preço da portagem como deveria ter sido efectuado. Resumindo, os únicos que não utilizam a A1 em longas deslocações no litoral entre o Norte e o Sul do país são aqueles que vão a pé até ao Santuário de Fátima. Já me parece que vai ser interessante ver se não se formará um Cartel das Auto-Estradas aqui, quanto mais um Monopólio de duas estradas uma concessionária.

domingo, 13 de maio de 2007

O Complexo Químico de Estarreja

A história do complexo químico de Estarreja na revista Ingenium n.º 87, sob o título "A conquista da competitividade global":

As origens

A indústria química teve o seu início em Estarreja na década de 30 do século XX, quando aí foi instalada uma unidade de produção de cloro e soda pela empresa Sapec, de capitais belgas. Mas foi após a II Guerra Mundial, com o início da produção de amoníaco em Portugal, que Estarreja surgiu como um dos mais importantes pólos da indústria química portuguesa.

De facto, quando se decidiu produzir amoníaco em Portugal a fim de assegurar o adequado abastecimento de adubos nitro-amoniacais à agricultura, estava exactamente em preparação o então designado “Plano Hidroeléctrico Nacional”. Assim, considerou-se que a obtenção do hidrogénio necessário à síntese do amoníaco, a partir da electrólise da água, era uma das formas economicamente mais eficientes de consumir quantidades apreciáveis de electricidade com carácter permanente, ou seja 24 horas por dia, sete dias por semana, contribuindo-se, assim, para a viabilização dos vultuosos investimentos indispensáveis à construção das grandes hidroeléctricas.

Foi por isso decidido instalar nesse perímetro industrial de Estarreja e adjacente à linha de caminho de ferro Lisboa - Porto (linha do Norte), uma unidade de electrólise de água em que o hidrogénio era de seguida transformado em amoníaco, pela reacção com o azoto obtido a partir do fraccionamento do ar.

Assim, em Fevereiro de 1952, com o arranque das novas unidades do Amoníaco Português, parte significativa da electricidade turbinada nas barragens dos afluentes do Douro e da bacia do Cávado – Rabagão, passou a ser convertida em sulfato de amónio para aumentar a produtividade da agricultura portuguesa.

Para isso passaram também a ser enviadas para Estarreja, por caminho de ferro a partir do Alentejo, pirites moídas que aí se convertiam em ácido sulfúrico. Estava, pois, criada a primeira fase do Complexo de Estarreja, como grande plataforma produtiva da Indústria Química ao serviço da Economia de Portugal.

Do complexo adubeiro à petroquímica de aromáticos: 1970-1982

Em 1973, um acordo entre a Sacor (hoje integrada na Galp) e o Amoníaco Português (hoje integrado no Grupo CUF) previa a instalação de uma unidade petroquímica de aromáticos (benzeno, tolueno e xilenos) junto à Refinaria de Matosinhos, em coordenação com a transformação de benzeno e de tolueno em Estarreja, respectivamente, em anilina e trinitrotolueno. Em 1976, após as convulsões político-empresariais entretanto ocorridas, decidiu-se concretizar apenas a utilização de benzeno da unidade de aromáticos, de Matosinhos, para a produção de mononitrobenzeno/anilina. O arranque da unidade de anilina veio a ocorrer em 1979, e o Complexo de Estarreja foi, assim, membro fundador do cluster português da Refinação de Petróleos/Indústrias Petroquímicas.

Porquê a produção de anilina em Estarreja?

A produção de anilina em Estarreja permitiu consolidar/viabilizar um grande número de instalações produtivas, e também logísticas, já anteriormente existentes, o que justificava a sua viabilidade estratégica:

- Fábrica de H2SO4 (98%), de Estarreja;
- Fábrica de sulfato de Amónio, de Estarreja;
- Fábrica de electrólise, da Uniteca, Estarreja, que fornecia hidrogénio;
- Fábrica de Aromáticos, da Petrogal, Matosinhos.

Apesar da importância de toda esta integração processual, a viabilidade económica de produção de anilina em Estarreja não conseguia singrar, devido às dificuldades em assegurar a respectiva colocação em mercados com carácter de regularidade, e com retornos compatíveis, após a dedução dos elevados custos logísticos derivados, nomeadamente, do transporte marítimo até aos clientes.

Daí o novo passo para consolidar a fileira petroquímica de aromáticos com a “integração da anilina de montante para jusante” através da produção do Metil-Di-isocianato (MDI) em Estarreja.

A instalação da fileira dos poliuretanos: 1983-1990

O MDI é um dos principais componentes no fabrico dos poliuretanos, que é um dos polímeros que já nessa altura evidenciava elevado crescimento de consumos, da ordem dos 7% ao ano a nível mundial, com base em numerosas aplicações na indústria automóvel, de embalagens, de equipamentos frigoríficos, e de materiais de construção civil.

A consolidação da produção de MDI em Estarreja baseava-se, também, no aproveitamento de outras importantes instalações produtivas já anteriormente existentes, para além da anilina:

a) Cloro e Soda, já antes produzidos pela Uniteca (Estarreja), podendo esta empresa expandir-se e modernizar-se a partir dos grandes consumos destes produtos que a nova unidade de MDI proporcionava, recebendo também Ácido Clorídrico de retorno desta unidade;
b) Formaldeido, produzido na Bresfor (Porto de Aveiro) para a produção de colas de ureia-formaldeido destinadas à indústria de prensados de madeira, e que, com esta nova utilização, podia também expandir e modernizar as suas instalações;
c) Monóxido de Carbono, proveniente do gás bruto obtido como co-produto do steam-reforming de nafta, existente na Quimigal para a produção de hidrogénio.

Esta integração é bem representada na Figura 1 (diagrama reaccional).

O arranque da unidade de MDI em 1982, estabilizou, em termos empresariais, o Complexo de Estarreja que passou, então, a ser rentável.

Mas no final da década de 80, o sulfato de amónio produzido como produto “fatal” no processo de fabrico de Mononitrobenzeno/Anilina, deixou de poder ser colocado com facilidade na agricultura portuguesa, dado que esta, após a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia, tinha livre acesso a fornecedores estrangeiros mais competitivos.

A Competitividade global da Fileira de Poliuretanos em Estarreja: após 1991

A estratégia tecnológica é, por vezes, fortemente influenciada por acontecimentos políticos e alterações macroestratégicas globais. A linha de produção de anilina em Estarreja foi um exemplo paradigmático.

De facto, o Mononitrobenzeno (MNB), composto intermédio na produção de anilina, era, até 1990, obtido pelo Processo de Nitração Meissner, processo que exigia a presença, na própria reacção química, de uma molécula de ácido sulfúrico concentrado a 98%, pelo que era necessária a existência a montante de uma unidade produtora de 70x103t/ano deste ácido.

Dado que na reacção se produzia também uma molécula de água, o ácido sulfúrico, após promover a reacção de nitração, saía do processo sob a forma de solução diluída (71%), sendo, por isso, neutralizado com amoníaco, de acordo com o Diagrama Sintético de Produção de Anilina (Figura 2).

Com o processo de integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia, a partir de 1986 as 100x103t/ano de Sulfato de Amónio deixaram de poder ser comercializadas em Portugal de forma minimamente rentável, em consequência da concorrência de produtos provenientes de outros países europeus.

Ou seja, os lucros obtidos na venda de anilina estavam a ser fortemente absorvidos no ácido sulfúrico/sulfato de amónio, e a própria produção de anilina ficava, na prática, limitada a cerca de 38x103 tons/ano por incapacidade de escoamento adicional de sulfato de amónio.

A alternativa surgiu com um novo processo produtivo do MNB em que a nitração se dava de forma adiabática, deixando-se, assim, subir a temperatura, o que permitia a posterior reconcentração do ácido sulfúrico num equipamento de destilação sob vácuo, para este poder ser recirculado de novo para a própria reacção.

Desta forma, o Diagrama Processual permite que não haja consumo significativo de ácido sulfúrico “exterior”, pois no quadro das temperaturas mais altas utilizadas neste novo processo a cinética da reacção de nitração é adequada, mesmo para concentrações de ácido sulfúrico de 68%, conforme demonstrado na figura 3.

A grande restrição para a aplicação industrial deste Processo é que a mistura nítrico-sulfúrica se torna bastante corrosiva quando a temperatura ultrapassa os 60-70ºC, sendo necessário empregar equipamentos constituídos por metais nobres ou, então, conseguir forrar todo o interior dos equipamentos com vidro.

Em termos de viabilidade económica desta reconversão processual, a Quimigal viu-se confrontada, em 1990, com a alternativa entre a decisão de aquisição deste novo equipamento, correndo o risco tecnológico da aplicação pioneira deste novo processo produtivo, ou a decisão de continuar a utilizar o processo Meissner e ficar condenada a encerrar a prazo, dada a crescente concorrência no mercado global de anilina proveniente de unidades que não tinham este sobrecusto.

Quais os custos dos equipamentos necessários à Nitração Adiabática?

A gestão industrial requer a permanente articulação optimizada entre a vertente tecnológica e a vertente económica, sendo que esta última é, muitas vezes, influenciada pelas oportunidades comerciais que surgem.

Foi esta a circunstância sobre a qual a Administração da Quimigal teve que decidir em Julho de 1990, quando se lhe deparou a oportunidade de adquirir um equipamento em 2.ª mão, que se encontrava desactivado, por razões comerciais, em Nova Jersey, nos Estados Unidos da América, mas em excelentes condições tecnológicas.

A grande vantagem era que este equipamento desmontado, transportado para Portugal e remontado em Estarreja tinha um orçamento global de 1,0x106 contos (em escudos de 1989), enquanto que uma unidade nova, projectada e comprada de raiz, ficaria por cerca de 3,0x106 contos (também em escudos de 1989).

Mas como assumir o risco estratégico (e porque não dizer também político e psicológico) de adquirir uma unidade em segunda mão na América, e pô-la efectivamente a funcionar de forma eficiente em Estarreja?

A opção consistiu em obter todas as informações e garantias tecnológicas possíveis sobre este processo e sobre os equipamentos concretos existentes em Nova Jersey e, quando estas se revelaram adequadas, tomou-se a decisão de avançar, assegurando-se, todavia, previamente a organização dos recursos humanos e técnicos adequados para que todas as operações relacionadas com a instalação e arranque da nova unidade pudessem ser realizadas com sucesso.

A decisão formal foi tomada em Julho de 1989, o contrato foi assinado em Outubro de 1989, a operação de desmontagem do equipamento em Nova Jersey teve lugar em Janeiro de 1990, e a nova unidade entrou em fase de arranque industrial em Abril/Maio de 1991.
E, a partir de Junho de 1991, consolidou-se o novo Diagrama Processual de produção de anilina a partir do MNB obtido pelo processo de Nitração Adiabática, conforme se apresenta na Figura 4.

A produção de anilina, e a consequente produção de MDI, deixou, a partir de então, de estar constrangida pela produção de ácido sulfúrico e o subsequente escoamento de sulfato de amónio, podendo, assim, a Fileira de Poliuretanos de Estarreja passar a competir ao nível da economia globalizada.

O reforço do cluster português da Refinação de Petróleos/Indústrias Petroquímicas

Neste contexto, uma sucessão de debottleneckings, optimizações e recuperações processuais promovidas em coordenação pela Quimigal, DOW, Air Liquide, Uniteca e Bresfor, permitiu atingir uma produção estabilizada de mais de 60x103ton/ano de anilina em 1996.

E, a partir de 1997, a capacidade de produção de anilina foi aumentada para cerca de 100x103ton/ano, mediante a instalação de dois novos reactores de hidrogenação e a assinatura de um novo contrato com a Air Liquide para fornecimento de hidrogénio complementar. Note-se que a maior parte da anilina adicional que assim começou a ser produzida, passou a ser exportada por caminho de ferro para a unidade de MDI da Bayer, em Tarragona.

A partir desta data, o consumo de benzeno ultrapassou também a capacidade da respectiva produção pela unidade petroquímica de aromáticos (BTX) da Petrogal, em Matosinhos, significando, este facto, uma excelente oportunidade comercial para a expansão desta petroquímica de base.

Também em Setembro de 1997, deu-se a privatização da Quimigal que, adquirida pelo Grupo José de Mello, passou a integrar, juntamente com a Uniteca, a holding industrial CUF, então renascida.

Foi já no quadro do Grupo CUF que foi estabelecido um contrato adicional de fornecimento de anilina, de cloro, e de soda com a DOW, que, juntamente com o aumento de capacidade produtiva de hidrogénio e de monóxido de carbono por parte da Air Liquide, permitiu uma forte expansão de toda a fileira de poliuretanos em Estarreja, elevando-se em 2001 a produção de anilina a 110x103 tons/ano e a de MDI a 95x103tons/ano.

Em paralelo, arrancou em 1999 uma nova unidade de ácido sulfanílico, obtido pela reacção entre a anilina e o ácido sulfúrico, e em 2000 iniciou-se a produção de ciclohexilamina, um importante produto químico que passou a ser recuperado a partir de uma corrente de efluentes, sendo este composto obtido com pureza adequada às exigências do mercado, devido a uma alteração tecnológica do processo.

A fileira de poliuretanos do Complexo de Estarreja converteu-se, assim, numa estrutura muito dinâmica, com importantes influências noutras unidades processuais do cluster português da Refinação de Petróleos/Indústrias Petroquímicas, situadas noutras plataformas industriais (Figura 5).


Também em 2002, a unidade de cloro alcalis da Quimigal (que entretanto havia absorvido a ex-Uniteca) foi totalmente reconvertida, sendo que todas as suas células de mercúrio foram substituídas por células de membrana.

O Complexo de Estarreja converteu-se assim numa “plataforma de articulação” dentro de cluster português de Refinação de Petróleos/Indústrias Petroquímicas, de que são exemplos a ligação à Refinaria de Sines, através da unidade de amoníaco do Lavradio, e a instalação de uma nova unidade de produção de sal puro no Carriço, Concelho de Pombal, a partir da lixiviação das cavernas do domo salino onde estão a ser instaladas as reservas estratégicas de Gás Natural.

Para além disso, e a partir do aproveitamento do HCl recebido de retorno da unidade de MDI da DOW e de etileno proveniente do complexo de olefinas da Repsol em Sines, perspectiva-se a possibilidade de produzir EDC/VCM em Estarreja, que, por sua vez, poderá alimentar a unidade de policloreto de vinílo (PVC) já aí existente, e que corresponde ao principal polímero plástico actualmente utilizado na construção civil.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Hospital, Marques Mendes e urgências

Andava um pouco confundido com esta luta que surgiu depois da visita (falhada) de Marques Mendes ao Hospital Visconde de Salreu, ocorreu o incidente, muito bem, era fim de semana, alguém havia falhado na comunicação com o hospital e não foi possível realizar a visita. é um incidente curioso, raro e algo estranho. Pensei que morreria por aí. Não morreu e ninguém parece disposto a deixar morrer. Como esta coisa me estava a intrigar pensei que isto não poderia ser apenas coincidência. Além disso o Dr. Marques Mendes na sua última visita a Estarreja relembrou o incidente, falando não do incidente mas do Administrador do hospital. Então fiz uma pequena pesquisa para descobrir quem era o Dr. Rui Crisóstomo, e descubro que foi nomeado em Novembro de 2006, não sendo renovado o vínculo com a anterior administradora Ana Paula Sousa (que estava claramente contra o encerramento das urgências), A Administração Regional de Saúde do Centro na altura mostrou-se indisponível para falar sobre a nomeação. Coincidência ou não o Dr. Rui Crisóstomo segundo o Jornal de Notícias de 15 de Dezembro de 2006 é referido como o líder da concelhia do PS em Cantanhede.
Na minha perspectiva e à luz destes novos factos penso que o administrador do HVS apesar de se poder justificar com a não marcação da visita, devia ter efectuado tudo ao seu alcance para que a visita se realizasse para não caírem este tipo de suspeitas sobre ele, para se proteger deste tipo de ataques.
Com a cronologia que tracei dos acontecimentos, penso que se poderia resumir esta nomeação e o encerramento do HVS com a seguinte frase: Não há almoços grátis.
Gostaria de acabar por dizer que não descobri se Ana Paula Sousa tem ligações ao PSD, o que me parece evidente pelas declarações da concelhia de Estarreja e não conhecia esta rotatividade nas administrações hospitalares ao sabor dos governos.

Mau uso do dinheiro e dos valores públicos

Um óptimo discurso do Guilherme D'Oliveira Martins na abertura das V Jornadas EUROSAI/OLACEFS (aqui).

quinta-feira, 10 de maio de 2007

As primeiras evidências de melhoria das urgências


O Diário de Notícias de hoje tem um artigo sobre o aumento do número de visitantes das urgências onde foram encerrados os chamados SAP. Um dos exemplos é o da urgência de Aveiro, que registam mais 70 visitantes por dia. Os dados apontam para um aumento de 20% no número de pessoas atendidas durante Janeiro, quando comparado com o periodo homólogo de 2006. Gostava de ver mais uma vez a explicação do Ministro e do seu grupo de trabalho que poderia ser apelidado de "Os iluminados", poderiam falar como as pessoas passam menos tempo nas urgências, são melhor atendidas, ou fica-lhes mais barato directa e indirectamente esta solução.

O TGV (outra vez...)

Um vereador da Câmara Municipal de Aveiro, Marques Pereira defende que Aveiro tem de ter uma estação de TGV dentro do município. Segundo o mesmo, tal infraestrutura é fundamental para o desenvolvimento da região. Na opinião do vereador, Aveiro vai tornar-se bastante dinâmica com a utilização do Porto de Aveiro para barcos de passageiros, as várias auto estradas que atravessam a região entre outras fontes de passageiros. Este vereador apenas fala de passageiros que é exactamente o que eu defendo que não é rentável. O vereador pede um debate, mas não apresentou um único elemento, de algum estudo ou de algum detalhe que mostrasse que o TGV é um bom investimento. Não entendo mesmo onde é que alguém foi descobrir que o TGV entre Aveiro e Salamanca vai ser rentável. O que eu espero é que estes arautos dos grandes saltos em frente com projectos sem viabilidade alguma não ponham em causa uma ligação em velocidade elevada (que nada tem a ver com o TGV, nem se aproxima sequer nos custos) para mercadorias, que tornaria a região mais apelativa à fixação de empresas (gostava de saber quem é que cá se virá fixar por causa de uma ligação de passageiros). A ligação em velocidade elevada permitirá retirar um elevado número de camiões das estradas e assim contribuir para reduzir as emissões de co2. Se há um assunto que estudei com algum pormenor, além dos custos de construção, custos de manutenção, viabilidade no transporte de mercadorias e impacto ambiental positivo foi este da circulação ferroviária.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Liberalismo vs Socialismo

O Sem Rumo, contém um texto sobre o encerramento das escolas. Na verdade fala de vários assuntos mas o que me interessa focar é o do encerramento das escolas.
Este governo que se apelida de socialista (deve ser a tal esquerda moderna), vai encerrar várias escolas no concelho, tornando no longo prazo as localidades afectadas menos atractivas do que aquilo que já são. Por mim tudo bem, já entendi que a estratégia de longo prazo passa por empregos sem qualificação. Parece-me mesmo que daqui a alguns anos Portugal terá mais campos de Golfe do que médicos por mil habitantes tal é o volume deste tipo de projectos (são os chamados PIN - Projectos de Interesse Nacional).
Agora parece que a melhor solução é a concentração, como se fossem aplicar os princípios das economias de escala à educação! Não será possível quantificar, até porque em Portugal não se costuma estudar quase nada, os efeitos nestas localidades deste tipo de deslocalizações. Parece um lugar comum neste momento estar a defender o modelo sueco de escolas primárias, mas a verdade é que as ideias liberais inerentes a esse modelo deram resultados que nunca foram obtidos em Portugal. Não seria de bom tom recorrer a demagogia e dizer que todas as escolas têm de ficar abertas. É claro que não é possível a longo prazo manter todas, pela falta de alunos mas se vissem o problema pelo lado do por que é que as pessoas não se fixam nestas localidades em vez de estrangular as localidades ainda mais, talvez fosse mais proveitoso. Se as estatísticas servem para tudo, então também será possível dizer com alguma certeza pela evidência empírica dos tempos recentes que a maioria dos políticos são corruptos e por regra incompetentes. A verdade é que a qualidade de vida das crianças das zonas rurais vai ser claramente inferior às da cidade. É ambíguo, eu entendo. Mas gostava de ver a minha asserção contrariada com algum facto que a negasse. O socialismo parece muito bonito, infelizmente nunca saiu dos livros. Meus caros socialistas, onde é que estão os ensinamentos de Robert Owen?

terça-feira, 8 de maio de 2007

O exemplo da boa gestão: O futebol

Quem passa os olhos pelos relatórios e contas disponíveis, do Sporting e do F. C. Porto, descobre que estes clubes são um mau investimento. Por muito que tentem camuflar e por mais especialistas em marketing que arranjem para escrever os relatórios de gestão e fazer uns gráficos giros e totalmente distorcidos isto não deixa de ser verdade. A seguir vem o Benfica (ao que parece é este mês). A propósito destes relatórios, uma pessoa não pode deixar de ver os bons negócios que são efectuados todos os anos, com as menos valias com os jogadores que não fazem parte dos plantéis oficiais (estão emprestados, ou praticamente dados a outros clubes), jogadores que normalmente passado alguns anos e tentando esconder o facto o mais possível ainda recebem indemnizações para rescindirem os seus contractos não ficando assim vinculados aos clubes até ao final dos mesmos.
Depois há o reverso da medalha, umas despesas com pessoal assombrosas, em que uma pessoa entende perfeitamente que as equipas portuguesas deveriam ser mais competitivas internacionalmente. O Benfica fala de contenção financeira e de limitações. O Nuno Gomes ganha € 195 000, o Miccoli € 191 000, o Simão €190 000, o Karagounis € 150 000 e o Petit € 91 000 (estes dados são do Correio da Manhã e não faço ideia se dirão só respeito a salários ou se já incluem os prémios de jogo). Hoje foi a vez do Sporting ver a sua contenção exposta no Diário de Notícias. Liedson € 110 000, Ricardo € 75 000, Bueno € 75 000, Caneira € 68 000, Romagnoli € 66 000. Os dados do Sporting parecem consistentes com o seu relatório e contas, o do Benfica nunca se saberá porque aquilo é mais uma obra de ficção do que propriamente o reflexo da verdade.
Para quem estiver a pensar em comprar acções do SLB quando este entrar para a Bolsa devia reflectir sobre este ponto: O SLB vai entrar para a Bolsa agora porque a isso é obrigado por um conjunto de investidores com quem se comprometeu a fazê-lo, os que comprarem as acções nessa OPV serão tão penalizados que provavelmente serão postos fora de casa pelas respectivas esposas.
Não, realmente não sou adepto do SLB mas a verdade é que se há um cão com pulgas no mercado, vão ser as acções do SLB.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Se eu fosse Ministro da Saúde

Se eu fosse Ministro da Saúde, certamente estaria atento a um problema que parece que se vai tornar grave nos próximos anos. O ano passado estima-se que cerca de 650 médicos tenham passado dos quadros do sector público para um regime de exclusividade com hospitais do sector privado. E aparentemente os melhores são os primeiros a sair (Esta é para o senhor Marques Mendes que pensa que as rescisões amigáveis eram a solução para o sector público. Os únicos verdadeiramente dispostos a aceitar este mecanismo eram os competentes, aqueles que não teriam problema em encontrar emprego fora do sector público, o que certamente deixaria o sector público ainda pior do que possivelmente está, porque os que lá ficariam eram os piores). Qual é o problema? Os médicos tal como qualquer outro trabalhador podem escolher onde querem trabalhar certo? Certo.
Quanto a mim a solução passa por deixar de lado os interesses do lobby que mantém religiosamente as vagas nas universidades limitadas. E se fosse duplicado o número de vagas disponiveis? Os futuros médicos seriam piores do que os actuais? É possível que alguns fossem, mas não é de forma nenhuma aceitável que esta medida não seja tomada. Os exames e as cadeiras seriam as mesmas, o nível de exigência também. Então do que têm medo? A única coisa de que têm medo é que a classe deixasse de ter a importância que tem e que os salários no futuro descessem.
A realidade é que se este governo tivesse realmente coragem, talvez daqui a dez/quinze anos, houvesse mais médicos do que lugares disponíveis para trabalharem, o que levaria a que os seus salários baixassem, a que os custos do Serviço Nacional de Saúde baixasse, libertando meios para investir noutros campos da medicina que não nos recursos humanos. A triste realidade é que o governo nem sequer entende que o aumento do número de vagas lhe era benéfico, afinal os médicos são em média a classe que mais impostos paga, o que garantia maior receita futura do IRS.
Mas a minha aposta é na continuidade, afinal na é possível aumentar o número de vagas nestes cursos (por quê?). Mantenha-se o estado das coisas. Quando o problema for demasiado grande e degradante para quem recorre ao SNS que deixe envergonhados até Ministros sem vergonha, poderá ser feito um Prós-e-Contras para debater a questão. Mas só quando for tarde demais.
Afinal de contas, eu não sou Ministro da Saúde e a minha proposta não tem nem pés nem cabeça.

Sócrates o Keynesiano

Afinal José Sócrates entende bastante de economia. Aparentemente, seguindo as indicações de John M. Keynes, decidiu fazer uma obra para estimular a economia, o Metro do Sul do Tejo. Já eu tinha criticado o tal projecto na sua inauguração, para descobrir afinal que este projecto, que ia contribuir para a qualidade de vida e para o ambiente pelo número de carros que iria retirar das estradas, reduzindo as emissões de co2, não transporta pessoas. Talvez um ou outro curioso. O que é certo é que quando chegar ao final do ano vai haver mais uma factura para pagar. Uma factura da tesouraria de alguma empresa pública responsável pelo Metro, que terá de ser regularizada através dos impostos de todos os portugueses.
Pelo menos haverá mais um local para criar alguns empregos, para nomear uns especialistas afectos a um partido, será que nas próximas eleições este vai ser um trunfo do actual Primeiro Ministro? As obras que são feitas e que depois têm de ser pagas por todos por mais inúteis que sejam?
O Senhor Keynes nunca falou de obras sem sentido para estimular a economia...

quinta-feira, 3 de maio de 2007

O Imposto Único de Circulação

Nos últimos dias, desde que publiquei um post a criticar o novo Imposto de Circulação tem havido um afluxo de visitas que procuram informação sobre este imposto. Como reparei que no Google o meu site aparece bem colocado quando a pesquisa é sobre este assunto decidi publicar os dados todos.
O novo Imposto Único de Circulação (IUC) substitui o antigo Imposto Municipal, a partir de 1 de Julho todos os veículos novos e os veículos importados pagarão este novo imposto. Para todos os outros, pelo menos para já o imposto mantém-se igual ao que existia até aqui.
O IUC terá duas componentes, uma como até aqui sobre a cilindrada dos veículos, o qual deixa de distinguir entre veículos a gasolina e veículos a gasóleo (podia ter sido o imposto dos veículos a gasolina a baixar e ficar ao nível dos veículos a gasóleo mas isso não aconteceu, foi o contrário), a outra componente diz respeito às emissões de CO2 dos veículos (g/km).
A tabela seguinte indica os preços do IUC a partir de Julho:

Cilindrada (em cc) (Em Euros)
Até 1250 25
>1250 até 1750 50
>1750 até 2500 100
>2500 300
CO2 (Em Euros)
Até 120 50
>120 até 180 75
>180 até 250 150
>250 250

Para calcular quanto vai pagar, basta juntar as duas componentes. Por exemplo um Fiat Punto 1.2 pagará € 100 (€ 25 por ter menos de 1250 cc e € 75 por as suas emissões serem de 129 g/km).

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Alguma luz sobre o Eco parque...

Apesar da discussão feroz a que se assistiu nos últimos tempos, surgem alguns dados que podem ser considerados válidos visto ambas as partes concordarem com eles.
Os terrenos para o Eco parque não estavam todos na posse da Câmara (palavras de Marisa Macedo) e existe uma parte dos terrenos que nada contribuem para o Eco parque (segundo Esmeraldo Drummond). O mesmo terá assumido ser da sua responsabilidade a escolha para aquisição daqueles terrenos, não para utilização industrial mas pelo seu valor natural e pela sua biodiversidade.
Se o que escrevi está errado, talvez algum dos presentes na Assembleia Municipal possa corrigir-me... A minha fonte foi o Diário de Aveiro.

terça-feira, 1 de maio de 2007

A Estatística da Contabilidade Analítica das urgências

HOSPITAIS Unid. de Imputação Custo Unitário Total



H. Valongo 76.315 31,71 €
H. Alcobaça 55.987 34,50 €
H. Ovar 61.786 38,75 €
H. Estarreja 40.576 41,83 €
H. Cantanhede 40.467 42,25 €
H. Peniche 45.740 42,82 €
H. Espinho 38.445 45,96 €
H. Pombal 48.673 47,60 €
H. Anadia 41.386 48,93 €
H. Seia 42.590 52,10 €
H. Tondela 38.702 57,81 €
H. Amarante 58.193 68,40 €
H. Montijo 46.846 69,60 €
CH PV/Vila Conde 112.418 75,16 €
H. Fafe 35.717 79,07 €
H. St.º Tirso 50.724 79,09 €
H. Macedo Cavaleiros 27.362 91,35 €
H. Litoral Alentejano 39.348 166,42 €



Total 901.275 1.113,35 €



Média 50.071 61,85 €
Média sem H. Lit. Alentejano
55,70 €
Mediana
50,52 €
Mediana sem H. Lit. Alentejano
48,93 €



18; 10^1
3 |259
4 |223689
5 |28
6 |8
7 |599
9 |1
16 |6



Mínimo x1:18 31,71 €
Máximo x18:18 166,42 €
Estarreja x4:18 41,83 €








18 M
50,52


F 42,25 58,705 75,16

E 38,75 58,92 79,09

1 31,71 99,065 166,42







df = 32,91



barreiras: -7,115 124,53








Estarreja está claramente bem classificada em termos estatísticos no que diz respeito a custos, por muito pouco não entra nos 12,5% dos melhores do seu grupo, ficando em quarto lugar em termos de custo unitário total por urgência. O Hospital do Litoral Alentejano é claramente por esta análise um Outlier, não chega a ser severo mas a verdade é que os senhores no Ministério da Saúde deveriam perguntar-se porque é que este hospital obtém um resultado tão mau. A amostra tem uma cauda direita mais comprida do que a esquerda o que mostra mais uma vez o bom resultado em termos económicos do Hospital de Estarreja.
Uma análise bastante simples mas concreta, de dados do Serviço Nacional de Saúde, não recorri à ambiguidade em termos de critérios do grupo de trabalho do Ministério da Saúde.
Por falta de tempo é o meu contributo possível para a causa.